sexta-feira, 26 de junho de 2009

Cantoria

Hoje eu e o Fernando chegamos mais tarde, porque fomos comprar uma surpresa para o grupo: nosso novo integrante, um peixinho betta. Quando chegamos, os atores já estavam no chão, fazendo os exercícios corporais a partir do sistema Laban/Barteinieff. Essas movimentações foram trabalhadas pelos atores todos os dias essa semana, e é muito legal perceber o quanto eles têm se apropriado das movimentações, entendendo o próprio corpo, o melhor jeito de se movimentar, a forma mais confortável.

Assim que terminaram, eles fizeram uma roda e, sentados no chão, começaram um aquecimento vocal. Lima ia orientando. Primeiro vibração de lábios, depois humming, procurando não tensionar o corpo e ficar numa postura confortável e correta. A seguir, eles começaram a explorar as vogais e suas diversas tonalidades, grave, agudo e suave. Também fizeram vibração de língua e falaram a vogal u, voltados com a cabeça para o chão, procurando escutarem o próprio som.

Depois, começaram a cantar trechos de músicas populares sobre o mar, trazidos pelo Lima. Não só cantaram, como também improvisaram, com Lima no pandeiro. Dava pra perceber que os meninos estavam se divertindo ao cantar. Abaixo, transcrevo a letra de algumas canções cantadas.

Samba no mar
Samba no mar, marinheiro

Quem me ensinou a nadar (2x)
Foi, foi marinheiro, foi os peixinhos do mar.

Meu navio inglês, “das água” de Goiana
Ô, morena bonita, bandeira republicana, aiá.

Ela mora no mar
Ela brinca na areia
No balanço da ondas
A paz ela semeia

Ôgunte, Marabô Caiala e Sobá
Oloxum, Inaê, Janaína, Yemanjá.

Enquanto os meninos cantavam, Fernando pediu que eu pegasse o peixinho para apresentar ao grupo. A idéia de trazer esse novo integrante veio no dia anterior entre Marco, Lima e Fernando. O peixinho recebeu o nome de Marim, e ficou lá no meio da roda.
Os meninos continuaram cantando e anotando idéias, modificando letras das músicas, lendo o texto e observando quais os momentos de pausa, de sons, de valorização de palavras e de relação entre os personagens.

Camille estava com dificuldade com a música da lavadeira. Marco e Fernando observaram que ela cantava com uma ligeira impostação, além de dar a ideia de um certo desleixo, ou cansaço, ao cantar. Fernando então sugeriu um exercício que todos os atores fizeram juntos. Eles andaram nos passinhos da trupe chegando e cantaram ao mesmo tempo, como rezadeiras, ou carpideiras, quase berrando, até que os três atores pararam de cantar e apenas Camille continuou, achando sua forma de cantar.

Depois, continuaram ensaiando, e aos poucos Lima foi direcionando, propondo ajustes, os meninos criando ações, sugerindo coisas, até que as cenas foram tomando forma, com muita tranquilidade.

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