sábado, 22 de agosto de 2009

Dia calmo

As meninas ensaiaram a contação de Urashima Taro e, apesar de ter elementos muito interessantes na narrativa, o jogo entre as duas personagens ainda não está bem amarrado. Durante o ensaio surgiram algumas sugestões, de as personagens serem uma tartaruga e um peixe, e de uma delas ser apaixonada por pescadores, o que é um tanto contraditório. Já que não conseguimos amarrar a cena através do improviso, Fê acha que vamos acessar melhor pela via textual, e Rafa ficou de trazer uma proposta de texto para essa cena.

Depois de uma semana muito importante cheia de inquietações, hoje foi um dia calmo para todos. A apresentação do Barracantes foi bonita. A casa teve um público muito bom. O grupo apresentou as cenas que fazem parte do início do espetáculo e que foram ensaiadas e discutidas durante toda a semana. Achei os meninos muito à vontade em cena, o público estava interessado e se divertia. O debate também foi legal e eu anotei algumas questões que foram levantadas:

- A cena da contação paralela chamou bastante atenção do público e, para os que já tinham assistido no sábado passado, as vozes estavam mais baixas e eles gostariam de escutar mais.

- Qual a diferença para os atores fazerem uma narração com personagem e sem personagem? E para o espectador existe alguma diferença? A resposta dos meninos foi que a narração sem personagem tem sido mais difícil de ser feita, pois eles precisam encontrar um estado de neutralidade que seja interessante também, e às vezes eles sentem que a contação feita dessa forma é um pouco “invasiva” para o público.

- A sonoplastia foi bastante percebida pelo público.

- Quem vive numa ilha, como Cuba, tem sempre vontade de saber o que está além, assim como Marinho no sertão.

- No início do processo do Capitão e a Sereia o grupo sabia o que queria dizer? E hoje, isso continua ou o que quer dizer mudou? No inicio do processo, o grupo gostaria de falar do coletivo, do teatro de grupo, e assim contaria a história do André Neves a partir do ponto de vista da trupe. No decorrer do processo, a partir do trabalho em sala, as questões sobre ator x personagem, a dialetização da cena, foram sendo ampliadas a partir dos materiais que iam sendo criados, e que apesar de algumas nuances terem mudado, as questões que o grupo levantava continuam as mesmas.

Um Dia Feliz

Começamos o dia com um alívio. Marcio Marciano que desde o dia anterior tinha saído de João Pessoa e não mais tinha dado notícias finalmente apareceu. Chegamos até a entrar em contato com a polícia rodoviária federal. Logo em seguida averiguamos que o SESI SP tinha feito o primeiro repasse para a realização desta montagem. Nossa!!! isso é que é alívio (sem nenhuma intenção comparativa). São bons ares. A conversa que tivemos no dia anterior sobre os rumos do processo, fazendo uma análise depois de uma noite, foi de crucial importância. Por um momento me pareceu que colocar na roda os rumos da trama que estamos construindo não tinha sido uma boa idéia. Mas vendo agora sei que foi importante expor aquelas diferenças para que hoje pudéssemos caminhar juntos, todos na mesma brincadeira. Pelo menos por enquanto.

Dias difíceis

A crise continua. Renan Calheiros bate boca com Tasso Jereissati. Artur Virgílio mete os pés pelas mãos e ainda assim se vangloria de ter a coragem de assumir seus erros na tribuna. No barracão Marco aponta para que resgatemos mais a literalidade da história de André Neves. Eu acredito que essa literalidade não é tão crucial, mas fato é que estamos abandonando cenas interessantes já construídas que poderiam se colocar a serviço do seria mais sensato, simplesmente contar a história de Marinho. Essa questão toda do Senado se desdobra devido à permanência ou não de Sarney na presidência da casa diante dos escândalos que vem vindo a público. Fernando defende que devemos dar procedimento no caminho que estamos seguindo. Mas o que eu proponho não chega a ser uma discordância já que todo o início seria mantido, apenas encaixaríamos as cenas que já temos a partir do momento da apresentação da trupe. Confesso que é difícil segurar a angustia ao saber que toda essa crise se deve ao projeto político do PT para 2010, o que acaba dando margem para muitas interpretações e posturas desarmônicas dentro do próprio partido. Mas ai vem o dilema: como colaborar na construção do coletivo sem abrir mão de si mesmo? É difícil a situação de Aloísio Mercadante, como líder do PT no senado, voltando atrás no que havia dito, revendo suas próprias convicções políticas, para defender Sarney em prol de um projeto político que se diz maior que todos. Nessas horas o nosso fazer teatral nos mostra que suas questões são profundas, estão muito alem de uma simples resolução da cena. O teatro que estamos construindo passa inevitavelmente pelo outro, e no nosso caso isso nos leva a caminhos nada pragmáticos. Mesmo sendo estes homens de ferro acredito que estão vivendo noites sem sono.

sexta-feira, 21 de agosto de 2009

Moldura

Sã e salvo, Márcio veio ao barracão, os meninos apresentaram para ele todas as cenas levantadas, e ele falou que a moldura está muito boa, o que vindo dele, alguém que está colaborando com o processo e que tem sido tão importante, é uma frase que deixa a todos mais seguros da escolha feita.

 

A intenção do trabalho foi aproveitar o máximo de Marciano, então nós conversamos bastante e eu anotei algumas coisas.

 

 - Márcio sugeriu que a frase de Sartre merecia ser repetida por Marco no inicio da peça.

 

- A importância da fábula na peça, dos meninos darem conta de contar a história do Marinho.

 

- Os atores da trupe não convenceram o público da importância do Capitão Marinho, mostrar mais a sua ausência, fazer um corte mais profundo, para depois resolverem a questão.

 

- Não mostrar auto-consciência das personagens.

 

- Mais naturalidade na representação dos atores Clowns.

 

- Narrar a dificuldade da trupe que não dá o braço a torcer.

 

- As páginas azuis podem ser usadas no vídeo, pois gera outra camada de entendimento. O vídeo pode ser feito pelos atores da trupe, e pode ter cenas da volta do herói Marinho, usando imagens da volta da seleção brasileira de futebol.

 

- Os clowns fazem a peça, mas a trupe pede desculpas pois não consegue fazer o espetáculo. Fala da trupe: Não podemos mais sustentar essa farsa.

 

- O processo de criação aponta para uma construção estética mais autoral de investigação da linguagem e da forma, que já levanta questões sobre o próximo fazer teatral do grupo.

 

- O Marco teve a ideia de que a manga da camisa do figurino pode ser listrada aparentando um farol.

 

Nesse meio tempo demos uma lida em um texto que Rafa trouxe, e depois da conversa as meninas ensaiaram a contação de Urashimarinho e os meninos a sonoplastia da narração

"Encontrando um caminho II" ou "Embrião II"

Dias bem loucos esses... Desgastantes, recompensantes, confusos, esclarecedores! Haaaaaaja coração, como diria o filósofo contemporâneo Galvão Bueno.

Esse post não tem nenhuma pretensão de dar conta de descrever tantas reviravoltas que vivemos nesta semana, cada crise e cada alegria... Não sou louco! O abacaxi fica na mão da Paulinha, pobre mulher, que terá ao menos de registrar o que aconteceu, pois qualquer tentativa de analisar isso tudo é entrar numa fria.

É uma pena, pois acredito que estamos vivendo dias prenhes de vida processual, momentos fundamentais de serem relatados e compreendidos para tentarmos entender como seu deu esse processo - e apontar caminhos para os processos que virão.

Na segunda, vínhamos de um Barracantes muito fértil, feliz, certos de que estávamos no caminho correto. Não conseguimos trabalhar muito, devido a demandas administrativas do grupo, produção, ajustes sobre o treinamento do Sávio de Luna, problemas de saúde, mas male male começamos a levantar o restante do espetáculo, após as cenas do Barracantes.

Na terça, seguimos. Na quarta, com a presença do Rafa Martins, crise de novo: problemas de lógica no espetáculo, falta de crença, necessidade de tornar a dramaturgia mais linear, e uma aparente sensação de solução dos problemas ao final do dia. Nada que os primeiros minutos da quinta não destruíssem. "Por que não contamos de outro jeito?"; "Por que aquele material ficou de fora?"; "Eu gosto tanto daquela cena..."; "Cadê as coisas que criamos até aqui?"; "Por que estamos trabalhando em cima de uma linguagem que fogem do material que construímos anteriormente?". Mais crise. Mais inseguranças. Mais incertezas. Mais portas abertas. Mais dúvidas.

Hoje, o caríssimo Márcio Marciano apareceu! Literalmente, porque ontem tomamos um susto achando que algo havia acontecido na viagem dele de Jampa pra cá. Uma breve comédia de erros... Após mostrarmos o que temos até aqui - de forma muito potente e viva, diga-se de passagem -, o Márcio defende que o espetáculo está encaminhado. Palavras confortantes. Aponta várias questões que ajustam arestas, mas acredita que conseguimos materializar o que conversamos com ele e com o Rafa há duas semanas atrás.

Os conceitos se fortaleceram. A costura ganhou mais lógica. O sentido do todo já é compreendido por todos. É? Até a próxima crise, acho que agora a coisa vai! Encontramos o nosso caminho!!!!! Encontramos?

Mau menino, Japa, mau menino...

Hoje assisti no RN TV um ator (?) global, pelo que eu entendi filho do Jorge Fernando, que tá em Natal com a peça da Patrícia Travassos. Comentando sobre o seu pai, que é diretor do espetáculo, ele solta uma pérola, algo tipo: "Não tenho palavras para descrever meu pai como diretor de teatro. Ele é fantástico. O ator não precisa fazer nada, não tem trabalho, ele resolve tudo pra gente".

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Enquanto isso, os atores dos Clowns andam desenvolvendo azias, passando noites sem dormir, sofrendo com disfunções alimentares... Tudo isso porque inventamos de entrar num processo em que todos são responsáveis pela criação do espetáculo, pela autoralidade do pensamento embutido na cena...

quinta-feira, 20 de agosto de 2009

Inquietude

Para dar mais ânimo aos meninos, Fernando iniciou o trabalho falando sobre o que acha do material que temos em mãos, segundo ele, temos uns quarenta e poucos minutos de bom teatro, apesar de não termos ainda quarenta minutos de bom espetáculo. Daí, César demonstrou inquietação e levantou uma proposta sobre outra estrutura para a peça, uma forma mais linear de contar a história usando algumas das cenas levantadas em workshops. A partir disso, alguns questionamentos foram levantados, dúvidas foram apresentadas, falamos também da necessidade dos atores estarem trabalhando os seus personagens, as cenas, e todos ficaram um pouco inquietos. Depois de um bom tempo de conversa, os meninos foram ensaiar e Fernando, ainda inquieto, sentou em uma cadeira e foi escrever uma proposta de esqueleto para a peça de acordo com o que César havia falado.

 

Os meninos fizeram um aquecimento vocal, cantaram algumas das músicas criadas durante o processo, ensaiaram a batucada e em seguida Marco apresentou uma proposta de cena muito legal para o início da peça. Ele foi para a calçada da sede, colocou as roupas da sua personagem no chão e, confundido-se com o público, conversou com as pessoas ao redor, depois começou a falar sobre o significado de imaginação e, convidando o público a imaginar, vestiu a roupa da personagem, se apresentando e começando o espetáculo da trupe.

 

Em seguida, os meninos ensaiaram a contação dos pescadores, procurando ajustar a cena, e as meninas trabalharam na cena dos peixinhos. Depois deram uma passada em todas as cenas criadas e conversamos mais sobre o esqueleto da peça.

 

Gabi levantou a questão de que ainda não está clara nas cenas a importância de Marinho para a trupe, César propôs contar a história do Marinho, Fernando apresentou outras duas propostas de esqueletos da peça para dar vazão a sua inquietude e a dos meninos. Durante a conversa ficou claro que temos vários caminhos para contar a história do Capitão e a Sereia, e não temos como saber se escolhemos o melhor ou o pior, mas que devemos apostar nesse caminho que se aponta, pois essa é uma apropriação de todos, e não uma resolução da direção. 

Colocar-me

Tem sido cada vez mais imprescindível a colocação do meu entendimento diante do trabalho. Hoje foi um dia em que César apontou uma inquietação diante do rumo do espetáculo e que eu me senti um pouco contemplada, mas que não conseguia me expressar de forma a colaborar com a discussão a ponto de praticamente não expor o que achava. E de fato percebi o quanto faz falta a minha opinião enquanto artista que está ali diariamente construindo. Estamos num momento um pouco confuso, pois ainda são frágeis os elos entre uma cena e outra, porém decisivo, pois o esqueleto está se formando. A presença de Rafael (dramaturgo) nesses dias aqui em Natal será importante para que esses elos ganhem mais sentido. Hoje Marco trouxe uma proposta para o início que proporcionou mais dinamismo e clareza para este momento inicial. Alguém falou nesse dias (não lembro se foi Marco) que devemos buscar o simples e acho que é isso mesmo. Hoje alguns entendimentos se fizeram mais claros para mim ouvindo as argumentações de César e as colocações de Fernando, por exemplo o desespetáculo: eu compreendia a proposta, mas ainda não estava conseguindo pensar atuando com essa proposição e hoje esse entendimento se fez. Não sei se está claro o que estou dizendo, muito menos pra quem só lê o blog, mas que agora ganha mais sentido pra mim. Que rico!
Hoje sou eu que não consigo dormir.

quarta-feira, 19 de agosto de 2009

Ajustes

Pode ser impressão só minha, mas acho que todo mundo chegou de cara boa hoje! E finalmente foi colocado na parede o quadro de fotos, rabiscos e tudo o que faz parte do processo de criação dessa peça. Ficou lindinho!

Nosso dramaturgo chegou ao barracão, daí fizemos uma rodinha e o colocamos a par dos últimos acontecimentos. Fê falou que a ideia é que até a outra sexta a gente feche o esqueleto do espetáculo, eu estou bem ansiosa para ver o que ainda vai surgir.

Os meninos fizeram um ensaio das cenas, já com alguns ajustes que Fernando propôs e depois foram trabalhando o terceiro ato. Após terminarem os ajustes, os meninos passaram tudo e nós conversamos sobre o que foi apresentado.

O ensaio foi muito bom, ao menos para mim, pois tudo o que eu não entendi no dia anterior ficou mais claro. Gosto dessa estrutura inicial da peça e de como as coisas estão sendo encaminhadas, claro que ainda há, e nós conversamos sobre isso, muitos ajustes a serem feitos, e acredito que Rafael vai ajudar muito, e como disse Fê, acredito também que Márcio enxergará melhor os pontos a serem ajustados e encontraremos soluções simples.

Como ainda não foi relatado, vou escrever um pouco em que pé está o esqueleto da peça. Os atores da Trupe Tropega, Mas Não Escorrega são Teobaldo (César), Josefina Baquetina (Camille), Antônio Curió (Marco), e Giulietta Esperanza (Renata). Eles iniciam a peça fazendo um cortejo em que convidam o público a assistir o espetáculo O Capitão e a Sereia. Logo eles percebem que está faltando um ator da Trupe, o Marinho, e assim a trupe inventa alguma coisa para enrolar o público enquanto pensam no que fazer, e por fim decidem contar uma história confabulando por onde estaria o Marinho naquele momento.

terça-feira, 18 de agosto de 2009

Sorte

O dia começou tranquilo, fomos chegando ao barracão, começamos a limpar o tablado da sede e tudo acontecia como sempre quando de repente César bateu a cabeça em um sino e ao mesmo tempo uma luz “papocou” sem nenhum motivo aparente. César ficou com um corte pequeno na cabeça e os cacos da lâmpada não atingiram ninguém. Ufa. Bem, precisamos de sal grosso por aqui, mas só por isso mesmo, pois o trabalho só tem crescido a cada dia, e vem contando com a colaboração de pessoas muito legais, ou seja, somos sortudos.

O ensaio começou com os meninos treinando a batucada que faz parte do cortejo que inicia a peça, e em seguida uma música tema dos atores da trupe. Depois, partiram para o ensaio da proposta de estrutura já construída do espetáculo, os dois primeiros atos e um tiquinho do terceiro. Não que a peça seja dividida em atos, essa denominação é mais uma forma para pensarmos na construção dramatúrgica da peça.

Durante o ensaio, Fernando foi sugerindo ajustes e os meninos também. Eu estava bem ansiosa para ver o que os meninos tinham feito durante a semana em que eu não estive presente, e hoje eu pude ver pois eles passaram todas as cenas. Confesso que não compreendi algumas coisas que foram mostradas nas cenas e isso me inquietou um pouco, me deixou por um instante preocupada, um segundinho mesmo, mais do que isso não, porque sei da competência de cada um que faz parte da equipe. E não só isso, muita coisa interessante foi criada, como a música de apresentação do trupe (delicada, poética, divertida e circense) o cortejo (inicio do espetáculo que tem uma força muito grande), a ideia textual que faz a ligação entre as cenas... E amanhã tem mais, ora essa!

Impressões de uma aprendiz

Pois é, depois de quase nenhuma pressão estou de volta ao blog. Mal sei do que falar, e não é por falta de assunto, é por pouco juízo mesmo. Mas vamos lá.

Este Domingo foi excepcional, pois o barracão foi invadido por um grande furacão (leia-se eu, Arlindo, Rafael e Tili), que tratou de dar um jeito na bagunça amistosa da sede. Muita coisa foi encontrada, muitas caixas jogadas no lixo, e um mar de possibilidades para a Wanda. Material é o que não falta. Só falta agora uma pré seleção dos meninos para sabermos o que vai para a tesoura e o que vai estar seguro no sótão.

A cenografia, e principalmente o figurino, começam a mostrar a sua cara, mesmo que sejam apenas na cabeça da Wanda. O tempo está passando e a ansiedade aparece com força, um frio na espinha com o passar dos dias e a proximidade do dia 08 de outubro (ou seria 26 de Setembro?).

Assumo que estou ainda mais empolgada do que estava no começo. Pareço uma criança na véspera do Natal! Cada diz parece desenrolar um pedacinho novo da trama, e este jogo de mostra e esconde é ao mesmo tempo angustiante e maravilhoso. Dá pra entender? E não tem como negar que é impossível não se divertir com os ensaios e as infindáveis brincadeiras dos meninos.

O espetáculo já vai começar. E assim como estamos esperando Marinho, eu estou esperando a Wanda e idéias fantásticas. Além de um mundo completamente novo pra mim. Os primeiros passos titubeantes de um bebê arquiteto no mundo da cenografia. Mas fala a verdade, não tá tudo mundo um pouquinho mais ansioso??

segunda-feira, 17 de agosto de 2009

Cumicalmo, Ghengis Khan e Lambaqui

Passada uma semana sem escrever no blog, pois viajei para Fortaleza por motivos de família, volto hoje ao barracão e já encontro novidade boa!  Gabi, Camille, Rafael T. e Arlindo fizeram uma arrumação em todo o espaço, está um brinco! Ah! Meu nariz alérgico agradece! E se fosse só isso... mas não é! Muita coisa aconteceu nessa semana, o “filhote” está surgindo e eu ainda nem vi a cara dele e pra completar não deu tempo de ver hoje. Nem!

Antes do ensaio conversamos com Sávio de Luna sobre o C.I. e os meninos ajustaram o horário com ele, pois por causa de tanto trabalho no barracão, muitas vezes o encontro começava atrasado. Depois os meninos resolveram coisas da revista ... E tivemos uma reunião de produção do Capitão e a Sereia com o Rafael Telles.

Para o ensaio, Fernando pediu que, em duplas, os meninos e meninas contassem três histórias a partir de estruturas criadas por eles anteriormente, a dos pescadores e a dos peixinhos. Os pescadores “machos” apresentaram primeiro!

1°) O velho e o Mar:  Marco e César contaram essa história de uma forma muito tranquila e redonda. No entanto, como eles faziam personagens de pescadores, eu não vi muito desses personagens em cena, e o lado bom disso, foi que eles transitaram entre narrador e personagem de uma forma muito sutil que me agradou.

2°) O Velho do Mar: Nas três contações os meninos usaram os mesmos elementos: giz, efeito de mar, lampião, varas e barquinho. O som do sino no início, que apesar de não ficar claro para mim por que estava sendo usado, tem uma sonoridade muito legal. A utilização do lampião foi muito interessante, gerou uma atmosfera muito legal para a cena e uma imagem bonita. Nessa contação, o que me interessou mais foi a forma como os meninos começaram: dois pescadores resmungando, dizendo coisas que não entendíamos, e entrando num barco desenhado no chão com giz, para pescarem. Isso me lembrou um pouco a brincadeira do cavalo- marinho, quando Capitão e Ambrósio discutem, acho que esse jogo pode ser usado nessa cena.

3°) Urashima Taro: Essa última contação foi menos acabada, mas trouxe elementos interessantes, como a tartaruga que era um lampião e que de repente passou a ser um desenho no chão, a figura de Urashima envelhecendo no final, e até a piada da caixa dobrável.

Algumas coisas ficaram na minha cabeça depois de ver as cenas: uma é que a utilização do giz é algo que no início soou estranho mas que, da forma como foi usado, eu embarquei no jogo; a segunda foi que as transições de como iniciar a cena até contar a história às vezes sofreram uma quebra esquisita; e o “olhar” e o “não olhar” dos pescadores para o público, me colocava dentro e fora do barco o tempo todo, o que era bom. Ah! E teve um momento em que eles construíram a história juntos, discutindo, achei legal.

A meninas, com um tempo bem mais curto do que os meninos, apresentaram as três histórias usando os peixinhos desenhados em cartazes.

1°) Urashima Taro: O público só via a boca das meninas e o desenho de uma tartaruga e do Urashima. A tartaruga era uma contadora que falava lentamente, e a mulher era bem objetiva e ficava cortando o barato da tartaruga. O que as meninas trouxeram de interessante nessa contação foi a utilização de vozes diferentes, ficou bem engraçado. O que não ficou muito claro foi mesmo a história, pois perdeu um pouco o foco diante das imagens.

2°) O Velho do Mar: As meninas, com a ajuda de Gabi, desenharam dois peixes: um peixe–cavalo-marinho, e outro peixe “normal”. Ao invés das bocas, nesta cena o rosto inteiro aparecia. Elas fizeram uma combinação de personagens que elas faziam em outros momentos “da peça” junto com os peixinhos, como o peixe que virou uma velho do garfo, e outro peixe que queria ser um cavalo marinho, ou era peixe de duas cabeças.

3°) O Velho e o Mar: Dois peixinhos desenhados também em um cartaz, só a boca das meninas aparecendo. Rê fez um peixe que repetia demais as palavras e Tili fez um peixe que contrariava tudo o que o outro estava contando. A história não ficou muito clara para mim.

Depois de conversarmos sobre as contações, fizemos uma leitura de uma ideia de texto para o inicío do espetáculo em cima do que os meninos vêm criando.

E para finalizar o relato de hoje algumas palavrinhas do dia: pinóquio, cumicalmo, piranha, burrilha, cutucatu, lambaqui, Rei Ghengis Khan...

Saúde!