sábado, 3 de outubro de 2009

Luz

Ontem foi um dia para a montagem de luz e alguns ajustes no cenário. O mais significativo foi que tiramos os peixinhos do pórtico. Apesar de todos terem achado o pórtico lindo, em especial quando a luz entrava, Fê disse que concordava com o que o Sávio Araújo disse no último Barracantes, que o pórtico não estava dialogando com a encenação, tinha imaginação de menos, era pictórico demais. Então decidimos por tirá-los, e funcionou bem! Como isso acabou levando boa parte do tempo, nós não ensaiamos, e fomos para casa mais cedo, enquanto Rô e Rafa ficaram no teatro. Ainda hoje, os meninos continuaram a fazer ajustes na luz, afinando, e Tili subiu em cima das costas de César para ir colocando as gelatinas nos refletores, uma graça!

Quem chegou hoje foi Mona, que fará a caracterização dos meninos. Como ela ainda não havia visto a peça, fizemos um ensaio geral de tudo, e Fernando trabalhou o prólogo que agora os quatro atores farão. Eu não assisti essa parte do ensaio, porque fiquei na mesa de luz, ajudando Rô e Rafa na afinação, que por enquanto ainda não está do jeito que gostaríamos, pois existe uma limitação do espaço, pelo fato do pé direito ser muito baixo, e Ronaldo ainda vai precisar quebrar a cabeça um pouquinho.

Depois que acabou o ensaio, conversamos com Mona sobre a caracterização. Ela falou que não vê uma maquiagem naturalista para os atores, mas sim algo mais estilizado que acrescente diálogo com o jogo que se propõe em cena, disse que poderia brincar com os traços dos desenhos e cores do livro de André Neves. Mona também pediu aos meninos que pensassem em algumas características que representaram eles durante o processo de montagem, pois isso pode ajudar na maquiagem, surgiu também uma ideia de tirar ou colocar a maquiagem na frente do público, mas isso é algo para ser pensado mais adiante.

quinta-feira, 1 de outubro de 2009

Chegamos!

Desde a última apresentação no Barracantes até ontem, os meninos arrumaram em cases todo o material cenográfico, deixaram orientações para Arlindo, descansaram um pouquinho em casa, e prepararam as coisas que precisariam levar antes da viagem.

Finalmente estamos em São Paulo, cidade que foi muito importante para a carreira profissional dos Clowns e que mais uma vez fará parte de uma fase muito querida por todos nós da equipe, pois estamos a vésperas de estrear uma peça que foi idealizada em meio a muitos problemas do grupo; e hoje, essa cidade que eu adoro, contribui para que os Clowns continuem construindo sua história.

Nós (Ronaldo, César, Camille, Renata, Fernando, Marco, Rafael e eu) chegamos ao SESI Vila Leopoldina à tarde, e fomos ao teatro, que não é um espaço de “palco italiano”, mas sim uma sala ampla, com um teto baixo, em que ficam as vigas e as varas para a sustentação dos refletores. Nós arrumamos o espaço, com a ajuda da equipe técnica do Sesi, e me parece que o cenário, feitos os ajustes que ainda precisarão, vai ficar bem bonito nesse teatro. Nós também fomos ao café do centro cultural, que é um lugar bem legal, e tem do ladinho uma gibiteca bem interessante.

Por último, fizemos uma reunião para conversarmos sobre os últimos ensaios no Barracão, Fernando falou de suas anotações de sábado passado, do que precisaremos ajustar na peça e propôs algumas mudanças no texto, que iremos testar nos ensaios que faremos antes do dia oito.

quarta-feira, 30 de setembro de 2009

Equipe

domingo, 27 de setembro de 2009

O último post de uma estagiária

Acabou. Assim, sem aviso nem nada. Acabou e ponto. Acabou e deixou um gostinho absurdo de “quero mais”. Fácil, de jeito nenhum. Quem disser que seria fácil, mentiu. E muito.

Mas Amei. Amei cada segundinho.

Amei desde o primeiro dia, do processo enlouquecedor, da vibração do Márcio, do Hélder, do João Lima. Tantos convidados, tantas personalidades em um curto de prazo de quatro meses. Uma vida inteira construída nesse tempo. Uma nova vida. Um primeiro passo importantíssimo. Um abrir de portas. Um prólogo de Henrique V.

Nunca duvidei que iria ser assim. No entanto não sabia o que me esperava. Não tinha idéia que iria conhecer pessoas tão fantásticas. Marco e suas idéias, que estão sempre fervilhando. O César que é de uma intelectualidade disfarçada; as vezes as palavras parecem não ser daquele “gigante” de rosto engraçado, mas de um filósofo. E a Renata, a mãe de todos? Se tudo desse errado, acredito que ela estaria ali pra pegar todos os cacos e transformar de novo em matéria. Camille, caçula, meio que como eu, que me recebeu com tanto carinho, que chega a me doer pensar que não vou vê-la tão cedo.

Paulinha, todos os dias pôs um sorriso no meu rosto. Foi uma grande amiga, quase de infância. Acho que todo cearense tem o dom de ser assim. O Arlindo não foi só anjo da guarda de vocês, foi meu também. Ele quase conseguiu me fazer chorar.

Fernando, com certeza, é um capítulo à parte. No primeiro e-mail que trocamos sobre o processo, dei muitos pulos de alegria. E em todos os demais também. Ele não é só um diretor. É um mentor. E alguém que eu nunca vou esquecer. Mesmo.

Queria ter tido coragem de falar tudo isso sábado, na frente de todo mundo, mas assumo que a “timidez” me venceu. Não importa. Me cobraram tanto pra deixar as minhas impressões por aqui, que resolvi que era o lugar perfeito pra isso.

Amei tudo. O que vocês fizeram por mim, pelo livro do André Neves, pelo teatro, foi simplesmente Fantástico. Não serão palavras que irão expressar tudo, mas sei que todos vocês, assim como eu, estão sentindo aquela sensação incrível de dever cumprido! E meu Deus, como vocês merecem essa sensação!

Aproveitem e muuuuuuita merda na estréia dia 08 em Sampa. Estou com vocês na alma.

Fim da etapa I - Natal

Mar. O mar. Marim. Marinho. Materiais criados e descartados. Materiais criados e transformados. Materiais perfeitos que surgiram do meio da lama, do meio do caos. Dramaturgia própria, dramaturgia colaborativa, dramaturgia desesperadora. E deliciosa. Um caminho já tão banal, porém, para nós, absolutamente desconhecido, tão assustador quanto atraente. Momentos de desespero. Muitos momentos de desespero. Muitos “nãos”. Essa peça não vai sair. Esse texto não vai funcionar. Não vai dar tempo. Não é isso. Não gosto. Não quero. Por que essa cena e não aquela outra? Por que não jogamos tudo fora e começamos tudo de novo? Por que não juntamos essa primeira proposta, com essa outra que surgiu agora, com aquela que tínhamos já descartado, e misturamos de tudo um pouco? Desconfianças. Inseguranças. Confiamos em você. Seja firme, Capitão! Processo arreganhado. Barracão cheio. De convidados, de colaboradores, de amigos, de curiosos, de público. Noites de sábados prenhes. Barracantes. Barracão convocando as bacantes. Indivíduos no coletivo. Coletivos. A sereia com certeza não existe. O Capitão também não. Também não? O Capitão e a sereia sem Capitão e sem sereia? Eu vi o Capitão! Não! Chapéu na Tili? Chapéu no público? Chapéu na mão? O ator que representará o Capitão está momentaneamente impossibilitado de cumprir tão mítica responsabilidade. A atriz que representará a sereia, figura de beleza estonteante, também. Ator? Atriz? Ué, não eram os personagens? Planos de representação? Ator ou personagem? Representação ou não-representação? Pré, pós, ou teatro? Lehmann ou Shakespeare? Ou trupe? Cadê a trupe? Tropega, trupe! E o trupé? Quero ver queimar carvão, quero ver carvão queimar, quero ver levantar poeira, quero ver poeira voar! Chama o hômi dos pulim invocado! Avia, Heldim! Bota fogo nesse povo. Como é esse jeito de fazer? Pulsação. Água enchendo, transbordando. Pulha. Aí dentro! No samba! Capitão é doido, é cego, é besta, vou me embora. Vou me embora, vou me embora. É mentira. Barracão então vira ateliê. Vira escritório. Salve, Arlindo! Nos salve, Arlindo! Santo Arlindo. Barracão vira barracão. De escola de samba? Não. De trupe a contar histórias pelo alto sertão. Histórias de mar. Água. Água que faz barulho lá fora. O lava-jato não para. E o pagode chegou, pra quem achava pouco. Vamos ignorar o barulho? Sim, vamos! E o blog? Só a Paulinha escreve? E a Paulinha? Escreve? Escreve! Tardeia, mas não falheia, como diria um “finado clown”. Rafa vem, Rafa vai. Ronaldo vem? Vem! Demora, mas vem! Lima e seu sorriso permanente. Gabs, a mulher dos sapatos. E do chinelo. Da Wanda. Tazmania! Furacão no Barracão. Tá entendendo? Você não tá entendendo! Coragem, Rafa! Coragem, Gabs! Coragem, Fátima! Dá-lhe Shicó! Tem alguma coisa que não saiba fazer? E o Alexandre? Mineirim, mineirim. Coragem pra todos nós! Coragem, coragem, coragem. Como diriam nossos mestres, parceiros, irmãos galpônicos. Deles, veio um monte de coisa com a Sgarbi. Acervo preciosíssimo! Honra pra nós. História demais. Coisas demais. Coisas no chão. O exercício do Marco. O exercício dos objetos no chão. Mangai? Não, Balai! Viva, batizado! E o Cuca lá. Seu Cuca. É eu. Mestre Cuca. Tá aprendendo, tá aprendendo, Seu Cuca! Falta muito. Tá passando. Falta pouco. Tá em cima! Já foi. É hora. Vamos? Mergulhar juntos? Claro! Mergulhar em companhia, pois nadar sozinho é morrer na praia. Mergulhemos!