sábado, 8 de agosto de 2009

Prólogo

Afinação de luz, ensaio, repetição, limpeza do espaço enquanto passava texto na cabeça, arrumação de cadeiras, aposta de quanto tempo duraria a apresentação do exercício, e Barracantes a noite, é um resumão do dia de hoje. 

 

Concordo com Fê quando ele diz que hoje foi bem especial, realmente o processo se encontra numa outra fase, de estruturação da peça, de levantamento das cenas, de saber o que funciona ou não aos olhos do público. A ideia de apresentar três exercícios hoje, com as mesmas cenas, mas estruturadas de maneiras diferentes, para mim é um luxo em um processo de criação, principalmente quando o público se dispõe a dizer o que achou de bom e de ruim, o que entendeu ou não, e assim vai, tudo é lucro.

 

A apresentação foi muito divertida, ao menos para mim. Teve momentos ansiosos por parte dos atores, de esquecimento do texto, de descontração, de brincadeira com o que estava sendo proposto, de apenas ser e estar. O público falou de qual exercício tinha gostado mais e sobre as suas impressões.

 

Algumas questões levantadas no debate:


- O que os meninos diziam nem sempre fora bem compreendido pelo público, algumas vezes pela forma como os atores falaram o texto.


- A música tema tocada pelos meninos não estava bem incorporada a cena, parecia mais uma ilustração desta.


-  No terceiro exercício os atores estavam mais naturais, apesar do segundo ser a estrutura que o público mais gostou.


- A pergunta (você já mergulhou para dentro?) que Marco fez ao público, ficou muito presente na memória deles, até porque foi repetida mais de uma vez. A partir disso, os meninos falaram que era importante para a peça que também ficasse na memória o restante do texto que Marco falava, sobre não nadar sozinho, olhar para dentro mas não esquecer o que está ao redor.


- Que tipo de sonho o homem carrega? Depois que ele realizou o sonho, o que ele faz com isso? No caso de Marinho, o sonho de conhecer o mar se torna apenas Um prazer egóico quando realizado, não apresenta nenhuma função social, como quando ele contava histórias junto a sua trupe, alegrando a vida das pessoas, perde o sentido.

Nadar sozinho é morrer na praia

O Barracantes de hoje não teve aquela tensão e nervosismo gostosos do primeiro Barracantes, mostrando o experimento do Márcio Marciano. Nem aquela clareza dialética que estamos buscando tanto, como aconteceu naquele dia.

Também não teve aquele domínio sobre o texto e tranquilidade sobre o estado dos atores que o João Lima nos proporcionou. Muito menos a energia tão boa da apresentação do palhaço dele (apesar de ter contado com a queridíssima presença dele).

Tampouco tivemos uma belíssima apresentação, como foi no dia do Espiral Brinquedo Meu, do "cão chupando manga" Helder Vasconcelos. E nem o público abarrotante daquele sábado mágico.

Neste sábado, no Barracantes, não conseguimos um chapéu tão estufado de dinheiro quanto os meninos do Facetas mereceram ao apresentar o seu divertido Ida ao Teatro.

E nem arrancar tantos risos e gargalhadas do nosso público quanto nossos parceiros do Tropa Trupe e os geniais Nil, Gena e Adelvane.

No entanto, pra mim, esse Barracantes foi o mais especial destes dois meses que estamos abrindo o Barracão para o público. Tivemos pouco mais de dez pessoas na plateia, fizemos a apresentação menos espetacular - no sentido estrito da palavra, de ser a apresentação com menos acabamento de espetáculo até agora - e, no entanto, algo muito forte aconteceu.

Pela primeira vez, apresentamos um "trecho" do espetáculo. Esse "trecho" vem entre aspas porque pode ser que nada do que foi apresentado tenha fôlego para chegar até o fim do processo, mas o exercício que fizemos - três, na realidade - é o ponto de partida de onde vamos chegar. Em outras palavras, mesmo que nada deste fragmento que mostramos esteja no espetáculo, seus filhos e netos com certeza estarão lá.

O formato que propusemos foi muito precioso, por isso tentarei explicá-lo. Tínhamos três materiais trabalhados durante a semana: uma espécie de prólogo levantado a partir de um texto escrito pelo Rafa Martins, um outro rascunho de prólogo feito por mim, inspirado na abertura do Henrique V, e uma cena física, sem texto, de entradas e saídas, com uma distante inspiração na técnica de clown, talvez influenciado pela onipresença da amada Adelvane Néia pela sede nessas últimas semanas.

Pois bem, com esse material em mãos, ontem, tentando amarrá-los de alguma forma para criar um sentido e apresentar hoje no Barracantes, entramos em parafuso, com a contribuição muito precisa do João Lima, que apareceu pela sede e problematizou questões essenciais para a cena. Levantamos possibilidades de costura, de cortes, de edições, e saímos do ensaio com uma sensação de impotência diante de tantas dificuldades. Quer dizer, eu saí, não vou estender essa sensação para os meninos, já que não sei se isso se replica neles.

Hoje, propus a eles que levássemos ao público três diferentes possibilidades de amarração, com uma roupagem clara de exercício, com direito a fala do diretor no início para explicar o que iria acontecer e uma condução minha de finalização e início de cada exercício. A coisa foi tão agradável, que me senti à vontade até mesmo, em um desses "intervalos", de dar algumas indicações de posicionamento para os atores antes de um dos reinícios.

Ao final, tivemos um bate-papo preciosíssimo! O público era uma mistura de atores e diretores com pessoas que não faziam teatro, e conseguimos criar um ambiente em que todos contribuíram sem aquele medo bobo de "falar besteira" ou "falar coisas óbvias". Todos estavam numa postura de contribuição ao nosso trabalho, falando o que achavam, sem medo de serem julgados já que, se alguém estivesse ali para ser julgado - o que também não era o caso -, seríamos nós!

Todos comentaram, fizeram perguntas, nós respondemos, nós perguntamos de volta, e tivemos pistas muito importantes sobre a compreensão, sobre o pensamento do espetáculo, sobre o que funciona, sobre o que não funciona, sobre o que cria ilusão quando não deve, ou não cria quando deve, enfim, acredito que conseguimos dissecar tudo o que foi apresentado, detalhe a detalhe, e confesso que saí muito bem, muito contente, diante de tantas limitações e dificuldades que foram apontadas sobre o nosso trabalho! Rsrs...

Ao final, já indo embora, o César comenta comigo uma pérola mais ou menos assim: "não consigo mais vislumbrar fazer um processo de montagem sem isso. Imagina como seria terrível passar esse tempo todo trancados, sozinhos!". Ferrim, endosso seu pensamento em número, gênero e grau!

Em tempo: daqui a exatos dois meses estaremos estreando!!!!!!!! Como diria aquele carro de som que passava todo dia (o dia todo) perto do nosso hotel em Currais Novos: UUUUUUUUIIIIIIIIIIII!!!!!!!!

Autor na nossa praia

Coisas estranhas que às vezes é melhor não tentar entender. Estranhamente boas, diga-se de passagem. Estava pegando o celular pra ver o número e ligar pro André Neves, quando resolvi entrar no blog dele. E, tcharam!! Lá estávamos nós!! Liguei pra ele, que me disse que acabara de escrever um e-mail pro Fernando falando sobre idas ou vindas. Acaso? Prefiro a fantasia dos casos incríveis do destino (pero que ellas hay, hay). Olhem aí (http://www.confabulandoimagens.blogspot.com/) e acompanhem também o blog do André e suas imagens fantásticas, só não esqueçam de nós aqui, heim?! E hoje tem Barracantes. O processo continua de vento em polpa. Sim, com "L". Não deveria ser, mas agora é, birramente. Peixes de todas as cores, Polpas de todos os sabores. E continuo com o de uva, viu Paula caninguenta? E eu pensando que ganharia um confeito ou quem sabe até um picolé de Caicó. Tsc tsc tsc, galadinha.

sexta-feira, 7 de agosto de 2009

Propostas

Hoje os meninos estudaram uma possibilidade de estruturação para o início do espetáculo.  A proposta de Fê é que o espaço da apresentação seja um corredor, e que o público esteja dividido em quatro lados.

 

Os meninos ensaiaram a entrada dos atores da trupe que não sabiam o que fazer sem a chegada do ator ausente, ensaiaram o texto do Rafa, a música tema, e o prólogo inspirado no Henrique V, usando uma música de fundo da trilha do Ricardo III do Al Pacino, em que os meninos faziam inserções com alfaia, caixa e pratos. Fê foi tentando costurar essas coisas, mas durante a conversa foram levantadas questões que só amanhã poderão ser resolvidas.

 

Conversamos e nos despedimos de Wanda, que mais cedo tirou a medida dos quatro atores e deixou o pedido de que mantivéssemos contato com ela, mantendo-a informada do que estiver acontecendo e das idéias a respeito do figurino e cenário que forem surgindo. Ah! E a noite nos despedimos também de Rafa, que também fez o mesmo pedido, só que a respeito da dramaturgia.

 

João Lima, que está em Natal a convite do Festival Agosto de Teatro, nos fez uma surpresa chegando ao barracão no finzinho da tarde junto com Ronaldo, trazendo um presente, um pequeno Capitão, que fará companhia a Iemanjá. Lima assistiu ao ensaio e durante a conversa levantou questões bem legais.

 

Impressões levantadas na conversa: o inicio está lento, a necessidade de ter certeza se é o ator que está em cena, se é a personagem ou palhaço, ou se são os atores Clowns. Ter mais clareza no porque os atores não querem entrar em cena. Sugestão de durante o prólogo Marco fazer contraponto a música. Necessidade dos atores decorarem o texto e estudarem as músicas criadas.

 

Hoje nós terminamos o trabalho mais cedo, pois fomos assistir ao espetáculo do Luna Lunera. Achei que hoje o trabalho iniciou com uma energia baixa, mas terminou bem melhor do que começou, apesar das coisas que ainda precisavam ser resolvidas, como um projeto e as arrumações para o Barracantes de amanhã.

quinta-feira, 6 de agosto de 2009

Cenas

Os meninos prepararam mais duas cenas hoje: César e Marco refizeram a cena do Che, e Rê e Camille uma contação do livro do Capitão em que contavam a história ao mesmo tempo. As duas cenas apresentadas estavam cheias de energia. Na do Che, os meninos criaram uma cena inicial interessante, eles tinham ideias que julgavam ruins e desistiam, até que tiveram a grande ideia e começaram a contar bem. No fim, o personagem de César passava de herói, para um ditador, gerando a crise. Depois os meninos refizeram o começo da cena, e Fê pediu que Adelvane (que estava assistindo) ajudasse nos ajustes, pois o inicio tinha um ar clownesco. Tanto o começo como o final, apontaram modos interessantes do “como fazer” a crise, de como iniciar com constrangimento.

 

Na segunda cena, as meninas iniciaram como atrizes da trupe apresentando um número de equilibrista, em que Tili era a apresentadora e Rê a equilibrista em cima de um barco. Durante o número, elas vêem um “barco” passando (metalofone sendo puxado por um barbante que Marco segurava) em que as velas eram livros do Capitão e a Sereia. As duas olham o livro, e pegam para ler, daí as atrizes percebem que o protagonista daquela história era Marinho, ator que fazia parte da trupe, que um dia tinha sumido, e elas não sabiam onde ele se encontrava agora. Assim, elas começam a contar a história do livro, como a própria história delas, na estrutura das contações simultâneas. Marco, Tili e Rê refizeram a cena pensando numa estrutura de corredor, sem desenhar mais o barco no chão e ajustaram o início da cena.  Os três iniciaram a cena como atores da trupe, empurrando um ao outro. A equilibrista passou a ser a mulher que não consegue se equilibrar, mesmo com dois pés no chão, e no final, ao chegarem na página em que o Marinho vai embora, ficam tristes ao lembrar do episódio, disfarçam e saem.

 

Nós conversamos sobre as cenas apresentadas, o quanto elas apresentaram elementos interessantes que podem ser usados na peça, e Fê também falou de uma estrutura dramatúrgica que pensou para a peça do Capitão e a Sereia. 1°) Inícios falsos, espera do ator que não chegou; 2°) Contação da história do Capitão e a Sereia; 3°) Versões de Marinho, confabulando onde ele pode estar/histórias sobre ele; 4°) Cena do encontro de Marinho com o mar, encantamento; 5°) Epílogo, pedido de desculpas, brincar com o que é verdade ou não.

 

Fernando pediu que todos lessem o texto do Rafa, e falou também para as meninas ficarem mais atentas a utilização da voz delas na cena, pediu mais determinação. 

Neruda sempre ajuda

Todos

Eu talvez eu não sei, talvez não pude,

não fui, não vi, não estou:

― que é isto? E em que Junho, em que madeira

cresci até agora, continuarei crescendo?

Não cresci, não cresci, segui morrendo?

Eu repeti nas portas

o som do mar,

dos sinos,

eu perguntei por mim, com encantamento

(com ansiedade mais tarde),

com chocalho, com água,

com doçura,

sempre chegava tarde.

Já estava longe minha anterioridade,

já não me respondia eu a mim mesmo,

eu me havia ido muitas vezes.

Eu fui à próxima casa,

à próxima mulher,

a todas as partes

a perguntar por mim, por ti, por todos

e onde eu estava já não estavam,

tudo estava vazio

porque simplesmente não era hoje,

era amanhã.

Porque buscar em vão

em cada porta em que não existiremos

porque não chegamos ainda?

Assim foi como soube

que eu era exatamente como tu

e como todo mundo.
Pablo Neruda - Últimos poemas (O mar e os sinos)

quarta-feira, 5 de agosto de 2009

Como fazer!?

Fernando iniciou o trabalho pedindo aos meninos que retomassem 6 cenas pensando na reestruturação destas a partir de três coisas, o ponto de partida (e agora o que eu faço?), a história de Marinho bem executada, e a crise/diluição dela.

 

A primeira cena apresentada foi a dos pescadores contando O Velho do Mar. Os meninos criaram uma cena que antecedia a contação, usando a cortina como se estivessem envergonhados para contar a história, fizeram referência ao Fábulas falando “era uma vez”, depois tiveram uma ideia e começaram a contar a história usando os cajons e varas, também mudaram o nome da personagem principal para Marinho. Depois de um tempo, os atores da trupe, sem saberem mais o que fazer, pois Marinho (outro ator da trupe) não chegara, colocaram uma TV para as pessoas assistirem, porém ela não funcionou e os atores saíram encabulados. 

 

A segunda cena foi a das meninas que contaram a história do Velho e o Mar. Elas criaram uma cena que antecedia a contação, na qual entravam como atrizes da trupe fazendo uma mágica em que Marinho surgiria, mas a única coisa que saiu do chapéu foi giz. Assim, elas tiveram a idéia de riscar um barco no chão, onde sentaram e tentaram contar a história, e num certo momento contaram ao mesmo tempo, dividindo o olhar do público que assistia.

 

Depois das apresentações, Fernando fez algumas considerações e pediu que as meninas contassem a história com mais lirismo, sem o ar farsesco, pois a trupe sabe contar muito bem as suas histórias. Aos meninos, pediu que tentassem objetivar  as ações, pois muita energia foi perdida. Também pediu que eles definissem melhor o momento em que os atores da trupe se transformam nos pescadores, e trouxessem a qualidade do jogo entre os pescadores que tinha se perdido. Assim, as duplas refizeram as cenas, e foi melhor.

 

Em seguida, fizemos uma roda e falamos sobre as cenas. Até agora a ideia é que a peça O Capitão e a Sereia seja feita pelos Clowns que representarão atores de uma trupe, que sabem contar muito bem histórias mas, devido a falta de um dos atores, ficam constrangidos e não conseguem fazer o espetáculo. A partir disso, vêm as dificuldades de como colocar esse constrangimento em cena, de como encantar o público com o “que não deu certo”, do como arrumar a cena para que o público entenda o que está sendo pensado...

 

Após a conversa, Marco e Camille refizeram a contação dos peixinhos, dessa vez contando a história de Urashima Taro, e Renata e César refizeram a cena do Nascimento do Herói. As duas apresentações foram bem legais, mas a do Nascimento do Herói não mostrou o momento de crise, do impasse em que a história não teria mais como ser contada. Mas depois conversando sobre a cena, os meninos encontraram formas de criar esse impasse, e a outra dupla também levantou uma ideia muito legal de os atores se perguntarem onde Marinho está agora, em Cuba, no Japão... Além disso, com Wanda na roda, não poderíamos deixar de conversar sobre o cenário e figurino. Se falou em fazer uma barcaça em que os atores da trupe contarão as suas histórias, sobre a colocação dos instrumentos, de as baquetas do metalofone parecerem escamas de peixe...

 

E por fim, Fê pediu que os meninos decorassem o texto do Rafa, e pensassem numa contação do Capitão e a Sereia para ser feita na sexta-feira.  

Retratos


Complementando o
post da Paulinha de ontem, seguem algumas imagens comentadas para melhor ilustrar, todas do Maurício Rêgo, vulgo Cuca, nosso fiel escudeiro!

O Marcão fazendo sua performance em cima do prólogo que eu trouxe, com uma "cara boa e brilho no olho"


Os "hômi das letra": Mestre Marciano e Rafa Martins, ambos com cara de conteúdo!

Os corpos (e rostos) falam: uma boa ideia está sem desenvolvimento! E estava mesmo!

terça-feira, 4 de agosto de 2009

Clareando

Pense num barracão movimentado! Quase todo dia nós temos novidades, boas digam-se de passagem, e a de hoje foi a chegada de Márcio e a visita rápida de Maria Thais. Ou seja, um presságio de que hoje o trabalho iria ser aflorado!


Marco primeiro conduziu um aquecimento vocal e depois a trupe “Clowns” mostrou as músicas compostas para Márcio e Wanda, que ainda não conheciam todas, cantaram e tocaram essas três: O Surgimento da Trupe, O Tema do Capitão e Seja Firme Capitão.


Ok! Agora fomos rumo a mesa e sentamos ao redor. Ah! Vale registrar que Ronaldo, Rafa Telles e Cuca estavam presentes também, ou seja, para completar o time faltavam apenas Mona e Helder. Bem, primeiro os meninos colocaram Márcio a par dos últimos acontecimentos, das coisas que permeavam os seus pensamentos, Marco fez uma leitura/cena do prólogo, os meninos leram o texto que Rafa escreveu e foi... foi muita coisa pra minha cabeça, viu?! E olha que Márcio ainda nem tinha começado a falar e os meninos ainda não tinham salpicado de ideias a construção do espetáculo.


Como eu percebi que não daria conta de registrar toda aquela conversa, peguei a câmera e filmei alguns momentos. Mas também fiz algumas anotações que achei relevantes e aqui estão elas, algumas faladas pelos meninos, outras por Márcio, Fê, Rô...


- Ideia: o espetáculo não acontece. Um (des)espetáculo.


- Não perder de vista o pretexto para o fazer, para contar.


- Quem é o interlocutor? Os públicos são diferentes, as pessoas da cidade para a trupe, e as pessoas do SESI para os Clowns.


- Quem é o capitão? Ter uma clareza sobre quem ele é, mesmo que ele passe a ser apenas um pretexto. Cada um pode ter o seu Marinho.


- Deixar o problema para o público, precisa ou não de Marinho?


- Marinho é o ator que não apareceu.


- O texto tem que ter um entendimento simples, o público tem que entender tudo o que foi pensado.


- Deixar a pergunta para o público: quem é o meu Marinho de hoje?


- A utilização do precário tem que ser bem melhor do que uma cena com mais recursos.


Fê fez duas perguntas a Márcio. Como fazer a seleção das cenas? Como proceder na construção da dramaturgia? E Márcio clareou bastante o caminho dessa barcaça. Ele sugeriu que os meninos pensassem no Marinho que cada um contaria, e o que a estrutura teria de sustentável e de falso. Falou também que os atores fizessem um levantamento das cenas que achavam mais relevantes, sugeriu que as linhas narrativas se dessem através do fazer (assim como César havia sugerido no seu roteiro) e que os meninos encontrassem o ponto de crise da narrativa, o impasse, no qual eles não pudessem continuar mais a história.


A conversa foi muito gostosa, muito esclarecedora, e a imaginação dos meninos pegou fogo. Márcio teve que voltar para João Pessoa no mesmo dia, mas voltará depois! Wanda conversou também sobre algumas propostas estéticas que tinha, massa! Fim de relato por hoje.

TEM ALGUÉM AÍ...AÍ...AÍ (eco)

ALGUÉM NOS LÊ AGORA? ..............................................................................................................
NÃO?..........................................................................................................................
.....................................................E AGORA?............................................................................................................................TAMBÉM NÃO?...............................HUM...........................TÁ....................................................................................OPS! SIM?...............................................................................................................QUE BOM! EU SABIA!!! NADEMOS JUNTOS, ENTÃO! MAS NADA DE NADAR, NADANDO ASSIM SEM NADA PRA DIZER, OK? QUE TAL COMENTAREM ALGO?
ME SENTI ESTIMULADO A FAZER ESSE POST DEPOIS DE TER TIDO A FELIZ SURPRESA DE TER VISTO INCRÍVEIS 4 COMENTÁRIOS AO POST "EU E O MAR". VOCÊ CARA (O) LEITORA (tira o A, se precisar) (uma homenagem as mulheres, corajosas e únicas que escreveram algo até aqui), QUE NOS LÊ AGORA, TALVEZ NÃO TENHA A REAL NOÇÃO DA IMPORTÂNCIA DO DIÁLOGO ATRAVÉS DO SEU RETORNO PARA NOSSO PROCESSO, TÃO ABERTO E COMPARTILHADO COM TODOS DESDE O INÍCIO.
VOLTE SEMPRE E ESTEJA CONVIDADO A CRIAR CONOSCO AS ONDAS QUE MEXEM, SEM CAUSAR NÁUSEAS, O NOSSO BARCO.

As primeiras palavras

Ontem (segunda-feira), foi um dia bem especial, pois Rafa Martins trouxe a primeira proposta de texto para o prólogo do espetáculo, incluindo a letra de uma música, onde Marco logo foi para o piano compor a melodia. Um primeiro exercício, um primeiro rabisco, fruto da busca pelo entendimento do que queremos dizer. Vê-lo trabalhando, fazendo cara de feliz ao nos ver colocando na boca suas palavras, seja em texto ou canção, me dá estímulo para fazer das melhores formas o trabalho. Claro que tudo pode ser modificado. Sei que faz parte do processo, hoje ter e amanhã não ter mais, para mais a frente ter todas as palavras.
Ontem também recebemos pela primeira vez a Wanda Sgarbi, responsável pela criação de arte. A impressão que tive é que ela mesmo chegando agora no processo não perde tempo, não espera, age. Enquanto Marco trabalhava a música com a gente, ela já tava lá dentro com a Gabriela vendo o que fizemos, e olhando tecidos, etc. Hoje ela vai ao alecrim, conhecer mercado, centro de artesanato, armarinhos, ver redes, rendas, saber com o que pode contar daqui de Natal. É muito bom saber que posso estar trabalhando aqui em casa e que tem o Rafael Telles, nosso produtor, cuidando das coisas, da Gabriela assessorando Wanda. De sentir o barco andando, cada um no seu posto.

segunda-feira, 3 de agosto de 2009

O Surgimento da Trupe


Dona Sgarbi, a mulher dos cenários e figurnos...

Mais uma tripulante chegou ao barracão, nossa diretora de arte, Wanda! E chegou com tudo, doida pra trabalhar e cheia de ideias. Eita, negrada, o tempo está passando... Já estamos em agosto!


Bem, começamos o trabalho com a leitura do texto que Rafael fez após não pregar os olhos durante a noite. Ele falou um pouco sobre o que pensou quando fez aquelas duas páginas e nós também conversamos sobre o que pensamos que será a peça “O capitão e a sereia”.  Fernando também trouxe um prólogo que escreveu baseado no prólogo do Henrique V de Shakespeare, que também foi lido, e depois ele comentou da sua ideia do roteiro da peça, a partir deste prólogo. E César também falou de sua ideia para o roteiro da peça.


Tilis brinca com o Cuca, nosso fotógrafo.


Várias perguntas, ideias, questionamentos foram colocados naquela roda de conversa, como por exemplo: como lidar com a cena que não deu certo? Devemos abrir um espaço para uma cena improvisada. Cada ator pode usar um casaco do seu Marinho. Ter em mente a importância do chão, de onde se pisa. Trabalhar com a ideia de que para os atores da trupe não fizeram um espetáculo e pedir desculpas ao público. As contações surgirem através da relação com o ofício. O cenário pode ser um barco ovalado, ter uma estrutura de cortina no teto. Significado de sublime.... e assim foi.


Depois da conversa, os meninos foram jogar bola para aquecer, Marco foi para o piano criar uma melodia para a letra da música que Rafa trouxe, O surgimento da trupe. E Wanda e Gabi conversavam, viam fotos do trabalho, enfim, faziam coisas de meninas cenógrafas.


Quando Marco terminou, ficamos ao redor do piano e escutamos sua melodia cantada. Fernando falou para ele que não era aquilo ainda, pois a música remetia a um musical de hollywood, e pediu que ele tocasse a música na sanfona, assim, aos poucos Marco foi ajustando, os meninos pegaram outros instrumentos, ajustaram a cantoria, e no fim deu bem certo, a música ficou linda!


Experimentando a música composta pelo Marco.


O diretor com cara de "hum, a música ainda não tá legal..."

 


Música ajustada, o ensaio seguiu em frente


Seguindo, os meninos foram tentando decorar o texto, e Rafa dirigiu uma cena como dramaturgo, como ele havia pensado. Atores neutros, público em círculo, instrumentos no chão, toque de sino... Foi interessante ver Rafa conduzindo, principalmente com relação a leitura do texto, pois ele tem uma apropriação diferente do como ler aquelas palavras.

Antes de dormir


(essa foto foi feita por Marco, que acordou sem acreditar no que estava vendo. Temos então a foto da noite, e a foto da manhã seguinte. E eu no mesmo lugar, sem dormir. Só que nessa foto matinal, eu já tinha novidades para mostrar)

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Segunda-feira. Quase dez da manhã. Apenas agora vou dormir. Mas vou dormir empolgado. Surgiram ideias, coisas legais para mostrar. Assisti a horas e horas de fita. Neste final de semana, também assisti aos filmes “Estômago”, “Transamérica” e “Narradores de Javé”. Revi um trecho de “Hoje é dia de Maria” que Marco me mostrou. Levarei hoje duas páginas de texto (não sei se vão gostar, mas servirão ao menos como exercício). Há também uma letra nova, bem diferente da primeira, diga-se de passagem. Qualquer coisa, se não estiver a gosto, vocês me dão uns murros, mais tarde.

Estou amando a companhia de Marco e Rê. Eles me deixam muito à vontade no apartamento, mostram filmes, dividem pensamentos e empolgações, são afetuosos, etc.

Juro que não falarei isso para fazer média, mas vou dormir com vontade de acordar e continuar. Vou dormir achando que não deu tempo de fazer tudo. Na madrugada, li também sobre as categorias estéticas (especialmente o sublime), sobre arte e indústria cultural, dentre outras coisas que não vou conseguir lembrar agora.

Não quero simplesmente adaptar o texto do André. Também não quero apenas passar para o papel os exercícios. Baseado no livro e em tantas outras coisas que estamos vivenciando, quero criar uma outra obra. Forte, viva, provocadora. Algo que faça jus ao trabalho duro do Clowns. Ao trabalho de todos. Quero fazer sentido neste processo. Somar. Espero conseguir.

Um beijo a todos!
Boa noite............................................. câmbio............................... desligo................................................................................................

DRAMATURGANDO


O que era sala (da casa da Barbie) virou escritório de dramaturgo. Ou melhor, dramaturgoS. Chego em casa depois de ter visto a bela apresentação da Margarida (Adelvane) e me deparo com essa feliz imagem. Imagem de trabalho. Bom demais.
Ao chão, munido de livro, celular, computador, câmera de vídeo e algumas dezenas de horas de fitas do processo até aqui, representando o Ceará, Rafael Martins. Na tv, mostrando-se imortalizado pelo registro dos momentos vividos no início dos trabalhos, representando a Paraíba, Márcio Marciano.
Visitas ilustres por aqui, não? Pois é. e ainda são 00:45h.