sexta-feira, 8 de maio de 2009

HOMENS AO MAR!!!!

Depois de adiarmos em um dia, finalmente hoje teve workshop. O primeiro pedido por Fernando nesse trabalho. Tivemos como indicação contarmos de forma narrativa com foco na contação da história de Urashima Taro. Um lindo e tradicional conto japonês rico em detalhes e sutilezas. Mesmo em meio a viagem do Cartografias Fernando conseguiu aportar por essas bandas para darmos o ponta-pé inicial nos trabalhos. Ainda que pelo nosso calendário oficial tenhamos planejado começar o processoem junho, desde já o universo do CAPITÃO tem povoado meu imaginário e me tomado um pouco do sono que me resta. Insônias produtivas e inspiradoras. Não temos como negar, o CAPITÃO já embarcou!

Depois de uma demonstração pública no Centro de Convivências do Campus da UFRN do trabalho de Contato e Improvisação que estamos desenvolvendo com o professor Sávio de Luna, dedo machucado e algumas expressões de tamanha surpresa por parte de companheiros de trabalho que não acreditavam que aqueles “bailarinos” éramos nós, chegamos bem antes das 14 horas no Barracão. Nada como a insegurança que parecia quase lembrar o saudoso clima de estréia e que nos colocava ali, tão inteiros, excitados e felizes.

Fernando nos comunicou que começaríamos por volta das 18 horas. Isso foi bom e ruim. Eu explico. A sensação primeira de que teríamos mais tempo para estudar o texto acabou sendo engolida pelo cansaço físico que nos levou, literalmente ao chão. Já perto da hora, fomos ao piano cantar um poço as canções que temos trabalhado: CANÇÃO DO MAR e ARRASTÃO. Foi um começo difícil. Parecia que tínhamos saído do chão, mas ele insistia em permanecer em nós. Renata teve dificuldades claras com a afinação. O timbre parece ainda ser algo distante de nós. Ainda por cima não fizemos nosso aquecimento vocal. Imaginei, quando Fernando pediu que déssemos uma passada nas músicas, que não teríamos tanto tempo disponível. Engano meu. Preciso controlar mais minha ansiedade e paciência. Precisamos exercitar mais juntos a prática de cantarmos coletivamente. Mas apesar dos atropelos, normal e esperado. É só o começo.

Renata foi a primeira a mostrar sua cena. 17 minutos. Com 16 minutos Cesar foi o segundo a apresentar. E 23 minutos depois, tcharam!!!...Eu! Praticamente a “História sem fim”. Camille conseguiu com 9 minutos um tempo bem mais interessante para o exercício. Esse “recorde” de maior tempo com um excesso exagerado de pausas e floreios desnecessários foi o reflexo da insegurança com o texto. Pra variar, a porra do texto! A preocupação em reproduzir as palavras que estavam escritas sem o domínio adequado ao invés de simplesmente contar a história que todos claramente mostraram saber bem, marcou pontos contra nós. Márcio Aurélio diria: “Ccccccsssssssilada”.

Em meio ao processo de elaboração do workshop, tinha um objetivo claro: começar com uma canção. Resolvi experimentar gravar um piano como base e trechos da minha voz para dialogar comigo através do canto. Usei a canção ARRASTÃO para o exercício. Tinha a ideia de usar o “mar” (instrumento que simula o som do mar e que compramos no início do processo do Muito Barulho) como som primeiro pra minha cena. O movimento para gerar o som desse instrumento lembra o que os garimpeiros fazem no processo de peneirar a procura de pedras preciosas, mas de forma bem lenta e delicada. O próximo ruído que faria parte dessa paisagem sonora era o de um navio apitando livremente antes da entrada do piano, mas já indicando o tom (lá menor) da canção. Gravei um clarone para dar essa ideia. Tinha essas imagens muito claras comigo, mesmo que em pensamento de elaboração. Apesar de trabalharmos a contação no espetáculo Fábulas, nunca havia passado pela experiência de forma mais direta com essa linguagem. No entanto, fantasiava poder usar dos artifícios de poucos e pequenos objetos para ilustrar a história. Pra isso, levei um barquinho de madeira que tenho em minha coleção de “cacarecos” e o usei como um dos objetos que me ajudariam nessa tarefa. Apesar dos excessos e de até me atrapalhar em alguns momentos, ele foi essencial para compor a imagem inicial em cima do mar (instr.). Fernando deve ter feito foto desse momento. Coloca aí Japa! Urashima? Não. Fernando Yamamoto mesmo. Isso. Os nossos japoneses são melhores.

Quando encerramos nossas cenas, formamos uma roda e lá, fizemos o exercício de contar a mesma história, mas agora sem o “peso” da formalidade que nós mesmos criamos. Ficou visível o quanto desperdiçamos tempo com informações sem tanta importância para o entendimento daquilo que queremos contar. Mais ainda quando ao extremo, tivemos que contar toda a história em no máximo de 30 segundos. Uau! Claro que o objetivo não era de reproduzir todo o conto, mas sim, de maneira muito divertida, percebermos qual a essência maior que fica quando esprememos o conteúdo.

A hora já avançara quando nos demos conta do prazer que é podermos estar juntos criando novamente. Momento precioso e especial que guardarei comigo na lembrança depois de tantas águas passadas desde o CASAMENTO, último trabalho do grupo estreado em junho de 2006.

E a cabeça a mil navega.

segunda-feira, 4 de maio de 2009

Construindo o Capitão


“O Capitão e a Sereia” vem como uma consolidação de uma aproximação entre mim e o grupo. Ele chega como um convite de um projeto a ser realizado e eu o recebo com muita expectativa diante do meu histórico com o grupo, que se resume a participação na montagem do espetáculo “O casamento” e algumas esquetes. Ele vem para tornar palpável uma parceria muito esperada e desejada de mim para o grupo.

O Capitão traz à tona o desejo de descobrir e alcançar um lugar conhecido através de histórias contadas e muita imaginação. Ele divaga pelo profundo e obscuro desejo de conhecer a imensidão do mar. E o mar traz consigo seus mistérios, segredos, tesouros e beleza. Marinho tem uma imaginação fértil que o mar vem inundar de curiosidade. O capitão mergulha num oceano de sonhos sem fronteiras e acaba descobrindo que o oceano mais profundo é a sua imaginação. Enquanto Marinho conduz sua aventura mar adentro, tudo parece ótimo, apesar de errar alguns caminhos. Ele ouve o sombrio canto da sereia e se permite navegar nessa paixão. Ele se deixa levar e conhece os seres mais impressionantes nas profundezas dessas águas, porém, quando ele se deixa conduzir tudo lhe parece menos interessante e ele percebe que tudo era exatamente igual ao que imaginara. Mas ainda resta uma criatura desconhecida: o cavalo-marinho; esse, salva o nosso personagem das profundas águas escuras trazendo-o de volta a luz do sol. E dessa imensidão de água ele leva apenas uma concha umas boas histórias pra contar. Fazer o Capitão é realizar um projeto que muito nos é precioso. É a minha entrada no grupo como integrante, é um novo elenco e são novas perspectivas de apresentação e direcionamento do grupo. É com muito prazer e expectativa que começo as leituras e o estudo das músicas que trazem esse universo pouco conhecido.

Como o Capitão, quero conhecer e desvendar esses mistérios relacionados à história e a convivência com esse novo grupo. Quero ir até o limite e explorá-lo ao máximo até ultrapassar todas as barreiras para encontrar novos horizontes e novas histórias.