sábado, 19 de setembro de 2009

Segunda rodinha

Fizemos uma rodinha antes do primeiro ensaio aberto do Capitão. Hoje fizemos a segunda. Um gostinho de ansiedade e prazer porque pela primeira vez iriamos fazer o espetáculo inteiro, do início ao fim sem faltar nenhuma cena. Só que hoje foi diferente. Tinha uma boa parte do figurino e pela primeira vez eu pisei com os pés de Josefina. Experimentamos tudo o que pudemos experimentar de cenário, figurino e adereços. E apesar de muita preocupação com a nova contra-regragem, boa parte falada porém não experimentada, conseguimos fazer o espetáculo completo. É uma mistura de Ufa com Aimeudeus putaquepariu estamosquaselá! Tanto já fizemos e há tanto para ser feito! Pelo menos agora temos um espetáculo, que evidentemente precisa ser amadurecido. Mas temos. Não importa quantas discussões ideológicas, filosóficas, políticas e etc. ainda virão interferir na concepção do espetáculo. Sinto borboletas no estômago.

Viram Marinho

Mais uma vez, assim que cheguei na sede vi Alexandre trabalhando em cima da lona, Shicó com a barcaça, André com adereços e Fátima com figurino. Essa equipe está fazendo muita diferença, ajudando muito.

Depois de resolver questões administrativas, começamos o ensaio, os meninos fizeram um aquecimento vocal e passaram algumas músicas da peça. Quando chegamos na cena de contação das meninas, do Urashimarinho, paramos o ensaio, e Shicó trabalhou na estrutura de lona para a cena, com Marco e Fernando fazendo os desenhos das personagens, a tartaruga e o peixe. Depois, não deu tempo mais de passar o restante da peça, e os meninos foram arrumar o espaço e pôr figurinos.

A apresentação foi muito boa para o processo, pois além de passarmos a peça inteira, os meninos puderam ensaiar com boa parte de seus figurinos e perceber as dificuldades que os novos elementos trouxeram. Eles estiveram presentes o tempo todo durante o ensaio aberto, porém os elementos novos e alguns erros, fizeram com que a energia deles não estivesse tão boa quando comparada a outras vezes. Uma coisa que ainda precisa ser garantida por eles, é a segurança com o texto, que às vezes escapa.

Tivemos um público muito bom, gente que veio pela primeira vez, outros que já nos acompanham, e o debate foi bem interessante. Foi falado que a música em alguns momentos estava muito alta, e que algumas pessoas tiveram dificuldade de ouvir algumas falas.

Uma questão que ficou muito tempo em discussão foi o fato de, durante a cena azul, Camille e Marco usarem o chapéu de Marinho e o representarem naquele momento, sendo que no inicio da peça o Marco avisa que o Capitão Marinho ainda não virá. Assim, algumas pessoas falaram que viram o Marinho, e que isso era contraditório. Como essa é uma questão conceitual importante no espetáculo, na segunda feira o grupo irá discutir sobre isso.

Outras sugestões e questões do público: a parte narrativa da peça está mais interessante do que a dramática, teve muita sujeira, eles viram os erros pois não embarcaram tanto na peça, a música tema pareceu muito longa.

Pela primeira vez a cena do Urashimarinho foi mostrada ao público, e a recepção foi muito positiva, dava para perceber que eles estavam gostando, mesmo ainda tendo que fazer alguns ajustes na estrutura, e as meninas ainda construindo suas personagens. Renata estava muito presente e tem crescido como atriz nesse processo; Camille tem se esforçado, conquistado aos poucos sua personagem, e ontem falou bem um texto importante da peça, César tem achado cada vez mais ações para seu personagem e isso tem sido bem legal para contribuir com a cena, Marco já tem seus personagens mais construídos e procura jogar bastante em cena. 

sexta-feira, 18 de setembro de 2009

Batucada

Senti uma energia muito boa vibrando no espaço depois que os meninos terminaram uma batucada de doze minutos de baião. Gosto muito desse momento na peça, pois isso faz com que os meninos fiquem mais ligados no ensaio.

Hoje finalmente chegamos à limpeza até o final da peça, e terminamos o ensaio mais cedo do que o costume, pois tivemos no Barracão um evento chamado “Três Vezes Poesia”, no qual alguns poetas fizeram apresentações performáticas, mostraram e venderam seus livros, e fizeram um bate-papo sobre alguns aspectos da poesia e dos poetas.

No ensaio, durante a cena do encontro do Marinho com o mar, Marco sugeriu algumas mudanças na parte musical da cena, por causa de algumas dificuldades que as meninas estavam tendo em fazer o vocalize, e assim ficou melhor. Novamente Fê trabalhou um pouco da cena de manipulação das meninas, até pediu que elas vestissem a roupa, a fim de que elas percebessem que naquele momento existem dois estados, o delas e o de Marinho, e isso fez diferença na execução delas.

Fê sugeriu que, para o Barracantes de amanhã, os meninos não fizessem a cena em que os peixes que o Capitão Marinho vê no fundo do mar não estão prontos. Assim, ele passou adiante e limpou a cena em que a barcaça da trupe passa, e os meninos ensaiaram com Marco a música do encontro da sereia com o mar, pois eles estavam tendo dificuldade na execução, Fernando pediu que eles buscassem o prazer de tocar juntos e isso irradiar para o público. Depois disso os atores experimentaram trocar a ordem das falas do final, para achar uma forma de deixar a cena melhor.

E em alguns momentos do ensaio, Alexandre ficou sentadinho no sofá desenhando a equipe para depois pintar na lona, os desenhos estão ficando muito legais. 

quinta-feira, 17 de setembro de 2009

Manipulação

Finalmente a DRT de Camille chegou de Recife, e ela deu pulos e mais pulos de alegria no tablado. Agora ela tem registro profissional, e a nossa brincadeira é que vai ser o único “risco” da carteira de trabalho dela, e o nosso, rs...

Alexandre tem trabalhado todo dia na lona, e é muito bom chegar a sede e ver algum elemento novo desenhado. Como a lona é grande, ele a pinta em cima do tablado, e quando começamos o ensaio ele a leva para o lado de fora da sede. Assim, enquanto esperamos ele terminar, cada um foi fazendo uma coisa diferente: Eu e Tili trabalhamos alguns textos dela, os meninos trabalharam em questões administrativas, fizeram provas de figurinos, Shicó trabalhou no sapato de Rê, e o grupo conversou sobre a ida de Cuca para São Paulo.

Os meninos fizeram sete minutos de baião, para começarem a se acostumar e não cansar durante o restante da peça, além de aquecerem. Voltamos a treinar da cena de transição de Urashimarinho até a cena azul. Fê pediu mais volume na voz de Tili durante a contação, e mais clareza em algumas falas de César. Chegamos finalmente na cena de manipulação do Marinho pelas meninas, e como elas ainda não estavam muito seguras com a cena, Fê, os meninos e Ronaldo tentaram ajudar. Sugestões: base mais aberta, mais tônus, não desacelerar os movimentos, não perder o foco do olhar. A dificuldade é que ninguém tem um conhecimento específico a respeito de manipulação de objetos, mas depois de algumas sugestões a cena ficou mais enxuta. Também a respeito da cena azul, levantou-se um questionamento se os meninos deveriam ou não trocar de roupa para essa cena, daí antes de decidir isso, Fê falou que gostaria de ver, experimentar, mesmo ele entendendo que com relação ao conceito da peça, não é necessária essa troca.

Por fim, quem ficou no barracão foi Ronaldo e César, montando a luz para o barracantes de sábado. 

quarta-feira, 16 de setembro de 2009

Limpando

Retomamos o ensaio a partir da cena dos pescadores e chegamos até o começo da cena azul. Deu pra fazer alguns ajustes importantes nas cenas, como trabalhar alguns textos, e a colocação dos instrumentos na lona, evitando assim movimentos desnecessários. Marco falou uma coisa interessante para os atores, sobre essa cena,“não vamos esquecer que estamos no navio”, e sobre o estado dos personagens, lembrar da pulsação interna de desespero e controle ao pensar no Capitão Marinho que ainda não chegou.

A música inicial da cena do Urashimarinho está cada vez mais bonita, contribuindo cenicamente para a história contada a seguir. Fê trabalhou com Camille o registro vocal da sua personagem, fazendo uma mistura de Josefina com a tartaruga, pois ela estava com dificuldades em relação a voz de sua personagem, e ele pediu para Rê que procurasse não prolongar as sílabas, já que ela faz um peixinho japônes. E além de trabalhar o texto, os meninos trabalharam as intervenções musicais durante a contação da história.

Além disso, o grupo conseguiu pensar numa estrutura que será feita para a cena de Urashimarinho, os meninos trabalharam no computador antes do ensaio, as meninas passaram texto na cozinha, Ronaldo trouxe luz de ribalta e Rafael assistiu um pouquinho do ensaio e brincou de contra-regra. 

terça-feira, 15 de setembro de 2009

Sentido

Com a chegada de Fernando, antes de iniciarmos o ensaio, começamos com uma reunião para falarmos do lançamento da revista Balaio no Barracão, do I Seminário da Revista de Teatro do Galpão Cine Horto – evento que Fê participou em BH – e coisas de produção, grupo...

Essa conversa foi muito gostosa, os meninos colocando Fê a par dos últimos acontecimentos do Barracão, Fê falando das conversas sobre teatro que teve no seminário que, por outra via, estão tão presentes nesse processo de montagem.  Dali a pouco, Fê leu um trecho da reportagem do jornal O GLOBO chamada A atriz que se revela através de suas “pessoas”:

 “Não faço personagens, faço pessoas – declarou a atriz francesa Isabelle Huppert, em entrevista coletiva, sobre a peça “Quartett” de Heiner Muller, que chega a São Paulo como parte do Ano da França no Brasil. Uma das maiores atrizes de sua geração, Isabelle diz que atuar é como se alguém roubasse seu cérebro, seu corpo, e devolvesse depois”, quando termina a peça ou o filme. A noção de personagem é muito limitada, pois é uma construção estreita. Uma pessoa é mais ampla e me permite colocar muito de mim – explicou a atriz.”

A conversa girou em torno do momento de consolidação do grupo, de cada integrante, o momento em que estão hoje... eu quase chorei, de verdade, um dos motivos é que estou “na semana mais sensível desse mês”. Bom, é que sempre me disseram que fazer teatro não é fácil, que não tem grana, que deve ser feito como hobby, não como uma profissão, e aí eu estou vivendo o dia a dia de um grupo que consegue viver fazendo o que gosta, fazendo o que eu gosto, sem deixar a pesquisa de lado, e portanto sei que é possível, mas que é preciso encontrar pares.

Ainda na conversa, Marco falou de como faz sentido para ele estar no grupo, fazendo o que gosta, cada vez mais certo disso. E eu fiquei pensando sobre isso, como algumas vezes já duvidei da escolha que eu fiz no meio do pouco caminho que já percorri, e que hoje, vivendo esse processo, assim como Marco, percebo que também é o que faz sentido na minha vida. Saber que César, Renata, Fernando, Marco e Camille, que agora integra o grupo, estão vivendo um momento tão especial da profissão deles: Tili começando, e os meninos colhendo os frutos que já plantaram e indo adiante, crescendo como indivíduos e como coletivo, me dá muita vontade de lutar pelo que eu quero.

Nem sei se devia estar falando dessas coisas aqui, mas é que vejo esse meu relato pessoal como uma resposta ao grupo do processo que estou vivendo com eles. Lá em BH, passei uma noite hospedada na casa do Eduardo e da Inês, do Grupo Galpão, e fiquei encantada como a casa deles respira teatro, com livros, com cartazes, fotos, que por trás tem toda uma história de um grupo. Fiquei até mais tímida do que o normal, porque tenho uma admiração grande pelo grupo, por conhecimentos e experiências que ainda não tenho.

Depois da reunião as meninas fizeram algumas leituras da cena de Urashimarinho, com Rê fazendo uma tartaruga espanhola e Tili um peixinho japônes, depois elas trocaram as personagens, pois desse modo contribuía mais para a cena. Durante o ensaio, Fê pediu para que Marco criasse uma melodia para a música que a tartaruga canta, ele criou e ficou muito bonita, colaborando com a atmosfera da cena.

Fizemos uma pausa para um lanche e para uma reunião rápida a respeito de alguns problemas que precisavam ser resolvidos. Ao terminar, voltamos ao ensaio, e Fê foi fazendo ajustes na transição da cena dos pescadores para a de Urashimarinho, ele pediu que os meninos buscassem compreender a função de cada palavra do texto que estavam dizendo. No fim do ensaio os meninos fizeram uma reunião com Wanda. 

segunda-feira, 14 de setembro de 2009

Ensaio técnico

Sexta não tivemos ensaio, pois Fernando viajou para Belo Horizonte devido um seminário no Galpão Cine Horto, e os meninos aproveitaram para tirar uma folga. Fê voltaria hoje de viagem, mas devido a atrasos no sistema do aeroporto, ele não chegou a tempo de vir à sede, e eu que também fui a BH, consegui chegar mais cedo e pegar um pouco do ensaio.

 

No primeiro momento, os meninos ensaiaram com Sávio de Luna a manipulação da roupa e chapéu do Capitão Marinho, e me disseram que o trabalho apontou movimentações legais, e que agora as meninas precisam mais é treinar.

 

Quando cheguei a sede, César e Ronaldo estavam montando a luz, Marco e Tili provavam figurinos, Renata e Arlindo estavam no escritório nas questões administrativas, e o restante da equipe, Shicó, Alexandre, Fátima, Wanda, Rafa e André trabalhavam no cenário e figurinos.

 

Passado esse momento, os meninos fizeram um ensaio técnico para Wanda, a fim de que ela visse a troca de figurinos, e as soluções de cenário. Foi muito produtivo o ensaio, pois além de clarear as coisas para os atores, Marco pediu que eu anotasse questões que precisam ser discutidas com Fernando, e Gabi e Wanda também fizeram anotações do que é prioridade nesse momento. E por fim, César e Marco conversaram sobre o roteiro que César fez do vídeo da trupe.

 

Duas coisas legais do dia de hoje, é que Marco pegou emprestado uma caixinha de som que será usada na barcaça em miniatura da trupe, e que serviu muito bem, a outra coisa, é que tem sido muito importante para o processo, o fato de Marco ter assumido o diálogo com Wanda a respeito dos figurinos e algumas questões de cenário.

Estreando no blog

Acredito que somos movidos pelos nossos sonhos, e basta sonharmos com coisas simples, como Marinho sonhava com o mar...



No último ensaio aberto do processo de montagem do espetáculo “O Capitão e a Sereia” ao dia 05 de setembro de 2009 me emocionei por várias vezes, primeiro, pela energia que irradiava da pele de cada ator, EU VI! Quando ainda fora do Barracão Marco anunciava que viajaríamos pelo mar sem o mar, ele não estava nos enganando, viajamos mesmo! Por isso afirmo, O Capitão e a Sereia é um apelo ao sonho. Sonhar: Entregar-se a devaneios, pensar com insistência (Dicionário Aurélio). Na cena intitulada de páginas azuis, eu vi o mar! E nem precisei ir à praia, nem tão pouco fez-se necessário lençóis gigantes azul cor de mar, o mar estava dentro de mim, apenas.
Quando lembro da primeira cena do primeiro experimento realizado com o Marcio Marciano, em que Renata fazia uma personagem fanho que não conseguia comunicar-se com clareza, vejo um aspecto muito simbólico nisso tudo. Ali, naquele instante, essa criança ( O Capitão e a Sereia) ainda não sabia falar, hoje ela já nos emociona.
Não imaginava que a Obra que conheci no início de abril deste ano quando tive o primeiro contato com a trupe Clowns de Shakespeare, quando assumi com muita felicidade o meu ofício administrativo pudesse trazer o mar para dentro de mim. O Capitão e a Sereia desperta os sonhos mais íntimos de cada espectador, reverberando o som das ondas em nossas mentes.
Me orgulho muito quando vejo essa trupe Clowns de Shakespeare em cena (suando, errando, doando-se) e sinto-me como se estivesse junto com eles, mesmo quando os enxergo pelo vidro que separa a minha sala de trabalho (escritório) e a sala de trabalho desses meninos (palco), somos um só nessa energia.

Vamos lá trupe! Sejam firmes!