sábado, 29 de agosto de 2009

Apontamentos

A apresentação do exercício no Barracantes foi bem difícil e ruim comparada a outros sábados. Além de não ter tido muito ensaio dos 3 atos essa semana, tivemos o som do “pagode” ao lado da sede durante toda a apresentação e isso atrapalhou bastante os meninos.


Mais uma vez o Barracão teve um público muito bom e que fez render bastante o debate, e como disse Sávio de Luna, ao escutarmos o público a gente pode ver que o espetáculo está chegando e agrada, e isso foi um ponto positivo da noite.  Alguns apontamentos do público:


- Interessante a ludicidade na utilização do giz para desenhar, a transformação dos desenhos;


- O inicio da batucada pode ser mais festivo e devorado pelos atores;


- A primeira cena foi prolongada, e teve um sentimento de passividade diante da batucada;


- Sensação de cores do espetáculo: amarelo/vermelho e azul;


- Na apresentação dos atores da trupe precisa haver mais triangulação com todos os nichos de plateia;


- O público é o mar;


- A utilização do elemento fogo na cena dos pescadores pode ser mais explorada;


- O público que estava atrás da primeira fila não conseguiu ver a cena dos pescadores bem;


- A narração dos atores clowns pode ser mais firme e clara;


- A batucada do inicio pode ser feita apenas para os atores e isso irradiar para a plateia. 

sexta-feira, 28 de agosto de 2009

Texto

Fernando trabalhou hoje na junção de textos que a peça já tem, propondo algumas amarrações e juntou isso com o material textual que Rafael Martins enviou, que continha a cena do Urashimarinho, tão aguardada por todos. Depois ele imprimiu tudo, e fizemos uma leitura do material que temos até agora, e é bastante coisa.


Enquanto Fê trabalhava no texto, os meninos foram criando marcações da primeira parte do quarto ato, eles fizeram e refizeram algumas vezes e depois Fê propôs algumas mudanças. Fizemos uma pausa para um lanche, e quando finalmente íamos voltar a ensaiar, começou um pagode ao lado do barracão. Ele inaugurou recentemente, e vai acontecer às sextas e sábado, durante um certo período de trabalho do grupo. Mesmo querendo continuar o ensaio, ficou meio difícil pensar com aquela “zoada” e daí os meninos partiram para uma reunião de produção, dentro de uma sala. 

quinta-feira, 27 de agosto de 2009

Construindo

A sede está uma coisa de linda. A cada dia chegam coisas novas ao Barracão para ajeitar o espaço de trabalho de Wanda e sua equipe – diversas máquinas de costura, fogão industrial, tanque, baús, etc. O ateliê dela é muito legal, dá gosto de ver, e saber que as coisas de cenário e figurino estão sendo construídas no mesmo espaço de trabalho dos atores. Gabi, e agora Chicó (artesão) estão ajudando nos primeiros passos desse trabalho.

 

Wanda mostrou a todos um monte de tecidos, perucas, retalhos, e conversamos um pouco sobre o conceito dos figurinos. Foi bem divertido. Depois os meninos iniciaram um aquecimento vocal, alongamento e cantaram algumas músicas. Trabalharam também numa letra para a melodia do Tema de Marinho; Tili e Rê trouxeram algumas sugestões e Marco conduziu o exercício. Durante a exploração, os meninos brincaram um pouco com o canto à capela, mas Marco disse que isso não iria rolar, pois precisaria de mais tempo para trabalhar isso com o grupo, no entanto os meninos criaram vocalizes muito interessantes, brincando com palavras, divisão rítmica, graves e agudos. 

 

Seguindo, os meninos iniciaram a construção do quarto ato. Fernando pediu que em um determinado momento os atores fizessem o Capitão Marinho de quatro jeitos, mais metódico, medroso, aventureiro, e alguém que curte cada momento da jornada para o mar. A cena vai ser construída através do exercício Balai, só que agora as coisas estão começando a ser amarradas e não mais improvisadas, a questão agora é os meninos manterem o mesmo jogo que eles tinham antes, de modo que eles levem isso para a cena. 

quarta-feira, 26 de agosto de 2009

Roteiros

A partir dos roteiros que criados ontem, os atores fizeram duas vezes o exercício balai, tendo como guia primeiro o roteiro de Tili e César, depois da Rê e do Marco. Assim como das outras vezes, surgiram imagens muito interessantes, e os meninos também retomaram algumas movimentações e sonoridades já criadas em outros momentos. Camille fez uma voz grave bem legal, brincou com a lanterna ligada no meio do tablado todo escuro, girando o corpo enquanto os meninos se desviavam da luz; Rê pendurou alguns figurinos nos sinos que pareciam figuras estranhas do fundo do mar; Marco falou para César: “eu sou o mar”, e em seguida César o responde abraçando-o: mar... Marcooo.

 

Seguindo o segundo roteiro, Fê tocou o sino para que os meninos iniciassem, e depois deu aos meninos trechos de texto para que eles narrassem no decorrer do exercício. As narrações foram muito boas, tanto no primeiro exercício, como no segundo. César usou o sino como uma concha, Rê brincou com a roupa de Marinho andando pelo espaço, César colocou o binóculo na frente de “Marinho”, Marco fez um coqueiro com o pé e uma peruca verde ao mesmo tempo que tocava escaleta, parecendo uma sereia, fizeram também a figura de Marinho no chão, usando o casaco, o chapéu e o binóculo.

 

Quem esteve presente no barracão e assistiu ao ensaio do exercício, e depois dos três atos da peça, foi a querida Adelvane Néia. Ela trouxe algumas comidinhas gostosas, deu alguns conselhos “secretos” para cada um dos atores, e conversou um pouquinho com a gente, despedindo-se, pois daqui a alguns dias ela voltará para Campinas. Hoje também conseguimos um espaço grande para deixar a lona que Wanda lavou e ainda estava molhada, ela foi transportada para a sede de um grupo muito gente boa, o Facetas. Valeu, pessoal!

Balai


"Depois da tempestade vem a calmaria". Estaria sendo injusto, ou até imprudente em afirmar que a calmaria aportou por essas bandas de cá. Mas cometeria os mesmos pecados em negar que agora o nosso barco segue um rumo firme com o vento ao nosso favor. As incertezas, inseguranças e principalmente, a falta de habilidade num processo em que, pela primeira vez trabalhamos uma dramaturgia própria com base numa obra literária, nos colocaram "às vezes errando caminhos e ficando à deriva", mas nunca a ver navios. Ou seria, com navios sempre à vista? "Terra a vista!!!" Aos poucos começo a enxergar melhor a cara do nosso espetáculo. Começa a ganhar forma, cor, cheiros, corpo. O texto, mesmo que ainda sem estar definido, nos dá uma segurança maior nesse estágio que estamos. Vivemos um vale-tudo, onde tudo era permitido ao levantar ideias, cenas, improvisações de forma livre durante os meses de junho e julho. Incrível!! E veio agosto (mês do desgosto, dizem) e foi chegada a hora de começarmos a colocar os limites do nosso curral. Tcharam!! Eis a questão. O que colocar, como fazê-lo? Será que aquilo que queremos dizer está aqui, nas entrelinhas? Ou de forma até mais objetiva? Eu sou um ator dos Clowns ou sou um ator da Trupe agora? Tá claro isso? Putz! E aquele material criado, tão legal, onde entra? Quer dizer, entra? E se formos por aqui e não por ali? Ahhhhhhhhhhhh!!! O mestre Márcio Marciano, depois do susto que nos deu, foi (como sempre) imprescindível nesse momento de virada. Suas palavras confortantes de que não temos o que temer, só acreditar no que já temos construído até aqui, nos tranquilizaram muito. O jogo não está ganho. Sabemos disso. Mas a estratégia de como jogar, essa sim está nas nossas mãos.

Os Barracantes têm sido muito importantes na construção de um diálogo mais direto com o que temos levantado de ideias com o público. Temos nos deparado, através desse formato de baté-papo pós apresentação, com um público ativo, crítico e mais do que pensante (que acreditamos ser sempre assim), falante. Diante de tantas angústias e questões que são inerentes num processo de montagem de um espetáculo, imaginamos como seria tão mais sofrido carregar tudo isso até o peso da estreia. E longe de casa então!?! Sim, esses "amistosos" jogados até a véspera de nossa viagem para Sampa, nos colocam em forma para a temporada que se aproxima e ameniza as tensões até lá.

Daqui a exatos trinta dias, faremos o nosso último Barracantes antes de embarcarmos. Barracantes com gosto de estreia. Um ensaio com direito a tudo! Desde já, o frio na barriga e os arrepios com descarga de adrenalina que percorrem todo o meu espinhaço, habitam meu frágil corpinho.

Ontem começamos a explorar a outra metade do livro, que batizamos de páginas azuis. É o momento que Marinho segue em busca do seu sonho de conhecer o mar, deixando a trupe para trás. É a retomada do ponto em que finalizamos através da contação feita por cada ator para uma parte do público, dividido em quatro partes. Havia conversado com Fernando sobre a ideia de desenvolvermos esse momento a partir do exercício com os instrumentos no chão, já relatado em outros posts anteriores e que ontem, finalmente, foi batizado de "Exercício do Balai". Esse formato de exercício tem se mostrado muito potente com ricas possibilidades de explorações corporais, musicais e dramatúrgicas. E mais do que isso, temos nos apropriado e aprendido a jogar bem com esse caminho cheio de estímulos. É muito gostoso de fazê-lo. Tivemos a oportunidade de experimentá-lo já de diversas maneiras e com parceiros como: Danúbio, Latão e Helder. Ontem chegamos a ficar praticamente duas horas ininterruptas nesse jogo. Muita coisa interessante surgiu. Um mergulho muito intenso. Depois de conversarmos em duplas e propormos um roteiro para essa cena, a partir do que surgiu no exercício de ontem, ou até recorrendo a outros materiais levantados em dias anteriores, parece que teremos uma cena muito interessante. Tá bom, eu sei o risco que corro dizendo isso, mas...vai ficar lindo, do caralho!!! Pronto, disse. De tudo isso, o que mais tem me revelado nesse processo é a forma como temos encontrado juntos de compartilharmos o conhecimento. É claro como tem se dado a apropriação da criação musical por todos. E como isso tem sido rico para nossa pesquisa. Uma outra coisa que destaco é a maneira que tenho encontrado de conduzir o trabalho da direção musical como um ator que se deixa jogar mais livremente, sem o cuidado prévio do acabamento. Percebi que sou um diretor musical de dentro da cena. Pode parecer óbvio pra quem está de fora. Mas ter a consciência disso é novo pra mim. Tô muito feliz.

terça-feira, 25 de agosto de 2009

Quarto ato

O ensaio começou com os meninos explorando novamente um exercício que Marco trouxe e que só agora foi denominado de Balai, este envolve instrumentos, objetos e figurinos, todos eles espalhados pelo chão.

 

A ideia é que, a partir desse exercício, os meninos construam o quarto ato do espetáculo, cenas mais ilusionistas, que falem do encontro de Marinho com as profundezas do mar. Assim, enquanto os meninos exploravam os objetos, sonoridades, narrações, corporeidades, Fernando foi lendo trechos do livro do André Neves, a fim de dar mais estímulos para a criação. Tanto eu, quanto Fê, fomos anotando as imagens interessantes que iam aparecendo, e não foram poucas.

 

O Balai é muito interessante, e particularmente hoje ele foi muito bom, e a chuvinha do lado fora só ajudou e deixou-o mais instigante. Os meninos estavam muito inteiros, e Camille se entregou ao jogo de uma maneira muito bonita, o que só acrescentou ao trabalho dela como atriz e a sua relação de cena com os outros.

 

Dentre as várias imagens, algumas me chamaram mais atenção, como: a brincadeira de Rê com a lanterna e o efeito de mar; Camille em cima do cajon e César com uma chapa de fotolito iluminando-a; César puxando Tili com o casaco de Marinho; Marco tocando o tema no escuro; a brincadeira do pescador explicar ao Marinho alguns lugares marítimos; César e Camille tocando metalofone juntos, César como Sereia e Tili como Capitão, enamorados; Rê tocando clarinete como a sereia e Marco como o Capitão fazendo uma lua com o efeito de mar e uma lanterna, relação sensual...

 

Assim que terminou o exercício, César e Tili, Rê e Marco criaram dois roteiros para a penúltima cena e depois demos uma conversada sobre tudo. Uma coisa que Fernando quer para essa cena é que os atores tenham uma relação individual em cena, que o encontro do Marinho com o mar seja no escuro, e que o canto da sereia seja o silêncio. 

Atrasado

Oi, meninos. Estou em atraso com vocês, eu sei, a respeito do texto até a parte do Urashima. Estou meio arriado, aqui, adoentado. Perdão. Mas hoje mesmo chega, ok? Desculpem.

Rafael.

segunda-feira, 24 de agosto de 2009

Desenhos

Sávio comandou o contato improvisação procurando retomar algumas coisas já vistas anteriormente, pois fazia algum tempo que não tínhamos encontros de C.I.. Foi um inicio bem tranquilo, começamos no chão, em duplas, trabalhando a percepção e a escuta do outro. Fizemos movimentações a partir do quadril, contato superfície, sentimos o peso do corpo do outro e depois colocamos o nosso peso no outro, fizemos improviso usando as movimentações trabalhadas, e improvisamos também uma musicalidade com alguns instrumentos do barracão.

 

Foi muito bom retomar o C.I., principalmente dessa forma mais calma, dava pra perceber o quanto o corpo estava enferrujado e como a continuidade do exercício contribui muito para uma maior mobilidade corporal. Durante a conversa Marco falou da apropriação que o grupo Clowns tem tido em relação a musicalidade, a forma de explorar qualquer instrumento e aos poucos ir encontrando uma harmonia.

 

Os meninos fizeram um ensaio das cenas levantadas para que Wanda assistisse. Ela mostrou algumas propostas de figurinos bem interessantes, e pediu que depois os meninos fizessem um ensaio passo a passo para que ela pudesse ter uma noção maior do esqueleto do espetáculo. Ver as coisas desenhadas dá uma animação! E daqui a um mês e dois dias, nós estaremos fazendo um ensaio geral no Barracantes. Uma ideia que Fernando teve foi a de pedir ao André Neves para desenhar a tartaruga e o peixinho que farão parte da cena do Urashimarinho. E amanhã alguns materiais para construção de figurinos e cenário que a Wanda trouxe chegarão ao barracão, e nós vamos trabalhar na cena do encontro de Marinho com o mar.