sexta-feira, 19 de junho de 2009

O cântico dos cantos

São 21h12min. Após um rápido banho, necessário depois de um longo e produtivo dia de trabalho, cá estou diante das palavras e lembranças. Começa agora a briga entre os dedos que digitam e a cabeça que não para. “Içar velas!!” Tudo parece urgente agora. Sinto-me como a própria barcaça-geringonça que invade a cidade subindo pelo rio, mar adentro, descrita pelo André. Sou o mar revolto turbilhando idéias, quase afogado em meus pensamentos. “Levantar âncora!!!” Calma. Respiro. 1...2...3...Shhhhhhhhhhhh, Tim tim tim, Póóóóóóónnnnnnnn!!! Tudo ao mesmo tempo agora. Inspiro.

Depois de receber a nossa nova tripulante, Paulinha, que fará os registros diários do nosso processo, botamos o time em campo (literalmente, com direito a bola, pés, mãos e muita risada) e começamos retomando o trabalho de ontem. Ligar numa sequência dramatúrgica quatro cenas que levantamos durante essas duas semanas de exploração. Dentre perdas e ganhos, surgem caminhos bem interessantes para o momento que desenha a infância do nosso Capitão Marinho. Temos nos divertido muito.

Acabo de receber um telefonema de Barbosa sobre os cajons que pretendemos ter como um dos instrumentos a ser experimentado em cena. Amanhã irei ver uns já prontos de um luthier que mora em Ponta Negra. Tomara que dê certo. Precisamos ter tudo sempre a mão, independente do resultado. É hora de testar, esgotar possibilidades. Colocar na prática aquilo que ainda está somente no campo dos desejos imaginados.

Aos poucos alguns elementos sonoros começam a ganhar força e voz presente nos exercícios e workshops feitos até aqui. O mar, instrumento de efeito que temos usado bastante é um deles. O pin, será substituído por sinos de tamanhos diferentes e que cumpram esse mesmo papel. Pausa....................................................................

O cheiro da canela que vem da cozinha invade meu quarto, onde estou agora. Inspiro,
t r a n q u i l a m e n t e.

Agora, só as marolinhas quebram por aqui. Um mar calmo. Calma. Expiro. Como. Volto. Sim, foi rápido, apesar de calmo. Calmo e urgente. Um repertório de sons, melodias, ruídos, canções inéditas ou não, começa a se formar diante de nós. Assim, quase como sem se sentir. É engraçado isso. Cada coisa no seu tempo. E hoje, enquanto estruturávamos o formato da leitura que faremos amanhã no Barracantes, testando algumas intervenções sonoras, no momento em que é narrada a aparição da sereia, propus uma melodia na escaleta que pudesse sugerir o canto encantatório desta criatura. Tsc tsc tsc. Pobre de mim. Fui vítima de tal canto. Acho que surgiu algo que pode se desdobrar de várias maneiras. Esse instrumento possibilita de maneira simples e de fácil execução caminhos cênicos muito variados, podendo ser executado por qualquer um de nós. Desde ontem a escaleta apontou essa versatilidade, hora como som, hora como concha do mar.

Já passava das 20h quando, aos poucos a tripulação se dispersou. Ainda embalado pela nova melodia, poderia passar o resto da noite ali, tocando e experimentando outras coisas. Brincando com esse tema musical. Virando e revirando de todas as maneiras. Ok, eu sei. É preciso ter calma. Ahhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhh!!! Nem mesmo as propostas de workshops extra-oficiais (não solicitados pelo Japa, mas sim por mim e pelo Cesar) que havíamos planejado pra hoje tiveram tempo pra acontecer. Gravamos no celular o “cântico dos cânticos” pra não corrermos o risco de esquecer. Ha ha ha ha ha... isso será quase impossível. Como é? Por enquanto só posso dizer que eu tô achando lindo! Feliz demais por hoje.

Ah, e que é em Re menor, tá?

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