sexta-feira, 9 de outubro de 2009

Na Folha de São Paulo de hoje


Peça de grupo de Natal traz o mar para o sertão

Lirismo, humor e música marcam estreia em SP

JOSÉ ORENSTEIN
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

Uma trupe de clowns, com suas histórias e instrumentos a tiracolo, invade a cidade. Ela vem de Natal, no Rio Grande do Norte, e, ao pisar a cena, converte-se em trupe mambembe, que revive o sertão e o mar.

Mesmo que de fato não haja mar nem sertão no teatro do Sesi, no bairro da Vila Leopoldina em São Paulo. As duas trupes em questão são os Clowns de Shakespeare, grupo potiguar que comemora 15 anos de produção teatral cada vez mais reconhecida Brasil afora, e a Tropega, Mas Não Escorrega, que na história de "O Capitão e a Sereia" é abandonada pelo capitão Marinho, sertanejo que sonhava com o mar, mesmo sem nunca tê-lo visto.

É essa história de Marinho, contada em livro pelo escritor pernambucano André Neves, que serve de ponto de partida para que a trupe de atores de Natal invente o seu teatro, falando não do capitão, que partiu para finalmente conhecer o mar, mas do grupo que ficou.

O espetáculo de "O Capitão e a Sereia" se desenvolve então à espera de Marinho, o protagonista ausente. Ora Clowns de Shakespeare -grupo real-, ora Tropega, Mas Não Escorrega -grupo fictício-, os quatro atores em cena alternam o comentário distanciado, brechtiano, com histórias sobre o universo marinho.

Se as anedotas do mar emergem nas músicas, objetos de cena e fala dos atores, com referências que vão da cultura popular a "O Velho e o Mar", de Hemingway, também a discussão sobre o fazer do teatro de grupo transborda a toda hora. "São tantos os grupos que se perdem, em que alguém ouve o canto da sereia da TV e da publicidade e se vai. Queremos falar daqueles que ficam", diz o diretor Fernando Yamamoto.

Com a estreia dessa nova peça em São Paulo, os Clowns de Shakespeare reafirmam sua trajetória: "Temos a precariedade quase como condição, ainda mais pelo fato de sermos do Nordeste. Mas não buscamos a estética do chão rachado, do chapéu de couro -brincamos com isso", conta Yamamoto.


O CAPITÃO E A SEREIA

Quando: estreia hoje; qui. e sáb., às 20h; sex. às 16h e 20h, dom. às 19h
Onde: Centro Cultural Sesi Vila Leopoldina (r. Carlos Weber, 835; tel. 0/xx/ 11/3833-1092); até 29/11
Quanto: entrada franca
Classificação: 14 anos


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