sexta-feira, 31 de julho de 2009

Continua...

Tivemos um dia mais curto no barracão porque alguns dos meninos precisaram sair mais cedo. Então, Fê pediu que eles refizessem dois workshops, uma cena cantada a partir da música “Seja Firme, Capitão” e outra que tinha a contação dos pescadores.


Eles ensaiaram a música algumas vezes e apresentaram dificuldades em lembrar a letra e acertar o tom da música. Terminado esse ensaio, Fernando mudou de ideia, abandonou o plano inicial de fazer a cena dos pesacadores, e comandou o restante do trabalho pedindo que os meninos andassem pelo espaço e acessassem a pulsação. Os meninos foram explorando algumas corporeidades já criadas em outros momentos e, em seguida, Fê pediu que eles dançassem para o público e explorassem isolar a pulsação do baião em algumas partes do corpo, usando essa possibilidade caso achassem algo interessante.


A partir disso, cada um dos atores buscou uma figura festiva da trupe de Marinho, explorando formas de representação desses personagens. Aos poucos, eles foram narrando algumas frases soltas e escolheram o instrumento preferido das figuras representadas trazendo isso para o corpo e voz; depois, buscaram a relação entre si, contando frases aleatórias uns para os outros. Por último, Fê colocou alguns instrumentos no chão para que os meninos pegassem, e então eles convidaram as pessoas para sentarem no círculo e assistirem ao espetáculo “mais fantástico do mundo”.


Depois do ensaio fizemos a roda de conversa, como sempre! Eu fiz algumas anotações de coisas que achei interessante no treino de hoje e vou colocar aqui para que fiquem registradas. Também escutei uma sonoridade que gostei no exercício, os meninos usavam o rói-rói, o triângulo, chocalhos e pratos.


César: primeiro apresentou um andar meio atrapalhado, sem fixação no chão, depois fez um andar mais contido que me remeteu a um velho, e por último usou um andar com tensões isoladas no corpo criando uma figura interessante e com outro registro corporal. Durante a narração, apresentou o atirador de facas, que se treme o tempo todo.


Renata: aparentou uma passista de escola de samba, às vezes marchando, chamando ou mostrando coisas as pessoas, e sempre tentando animar o público.


Marco: menino serelepe, agitadinho, conquistador, bicha fofoqueira, tímido, uma mistura disso tudo. Apresentou a repetição de trejeitos na personagem.


Camille: puxando de uma perna e enrolando algo nas mãos, isso me remeteu a um lenço que ela poderia estar enrolando e brincando com o andamento da narrativa.  Trouxe também uma idéia interessante de uma cigana.


Durante a conversa, falamos sobre a criação das figuras que surgiram, e que a construção corporal tem acontecido através de junções de vários exercícios que do decorrer do processo, algumas vezes conscientemente e outras vezes não. Exemplo disso foi a junção que Marco fez do menino serelepe (do encontro com Adê), da partitura corporal do exercício com Helder, da bicha fofoqueira, (essa eu não sei de onde surgiu) e do bicho conquistador que vi quando ele queria se aproximar de alguém para contar a história meio que chamando as pessoas com as mãos (também do encontro com Adê).


E durante esse fim de semana não teremos trabalho na sede e nem Barracantes, por causa do espetáculo da Adê, A-MA-LA, amanhã e domingo, na Casa da Ribeira, que estamos produzindo em parceria com o Carmin e o Ronaldo, mas segunda-feira continua...

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