terça-feira, 15 de setembro de 2009

Sentido

Com a chegada de Fernando, antes de iniciarmos o ensaio, começamos com uma reunião para falarmos do lançamento da revista Balaio no Barracão, do I Seminário da Revista de Teatro do Galpão Cine Horto – evento que Fê participou em BH – e coisas de produção, grupo...

Essa conversa foi muito gostosa, os meninos colocando Fê a par dos últimos acontecimentos do Barracão, Fê falando das conversas sobre teatro que teve no seminário que, por outra via, estão tão presentes nesse processo de montagem.  Dali a pouco, Fê leu um trecho da reportagem do jornal O GLOBO chamada A atriz que se revela através de suas “pessoas”:

 “Não faço personagens, faço pessoas – declarou a atriz francesa Isabelle Huppert, em entrevista coletiva, sobre a peça “Quartett” de Heiner Muller, que chega a São Paulo como parte do Ano da França no Brasil. Uma das maiores atrizes de sua geração, Isabelle diz que atuar é como se alguém roubasse seu cérebro, seu corpo, e devolvesse depois”, quando termina a peça ou o filme. A noção de personagem é muito limitada, pois é uma construção estreita. Uma pessoa é mais ampla e me permite colocar muito de mim – explicou a atriz.”

A conversa girou em torno do momento de consolidação do grupo, de cada integrante, o momento em que estão hoje... eu quase chorei, de verdade, um dos motivos é que estou “na semana mais sensível desse mês”. Bom, é que sempre me disseram que fazer teatro não é fácil, que não tem grana, que deve ser feito como hobby, não como uma profissão, e aí eu estou vivendo o dia a dia de um grupo que consegue viver fazendo o que gosta, fazendo o que eu gosto, sem deixar a pesquisa de lado, e portanto sei que é possível, mas que é preciso encontrar pares.

Ainda na conversa, Marco falou de como faz sentido para ele estar no grupo, fazendo o que gosta, cada vez mais certo disso. E eu fiquei pensando sobre isso, como algumas vezes já duvidei da escolha que eu fiz no meio do pouco caminho que já percorri, e que hoje, vivendo esse processo, assim como Marco, percebo que também é o que faz sentido na minha vida. Saber que César, Renata, Fernando, Marco e Camille, que agora integra o grupo, estão vivendo um momento tão especial da profissão deles: Tili começando, e os meninos colhendo os frutos que já plantaram e indo adiante, crescendo como indivíduos e como coletivo, me dá muita vontade de lutar pelo que eu quero.

Nem sei se devia estar falando dessas coisas aqui, mas é que vejo esse meu relato pessoal como uma resposta ao grupo do processo que estou vivendo com eles. Lá em BH, passei uma noite hospedada na casa do Eduardo e da Inês, do Grupo Galpão, e fiquei encantada como a casa deles respira teatro, com livros, com cartazes, fotos, que por trás tem toda uma história de um grupo. Fiquei até mais tímida do que o normal, porque tenho uma admiração grande pelo grupo, por conhecimentos e experiências que ainda não tenho.

Depois da reunião as meninas fizeram algumas leituras da cena de Urashimarinho, com Rê fazendo uma tartaruga espanhola e Tili um peixinho japônes, depois elas trocaram as personagens, pois desse modo contribuía mais para a cena. Durante o ensaio, Fê pediu para que Marco criasse uma melodia para a música que a tartaruga canta, ele criou e ficou muito bonita, colaborando com a atmosfera da cena.

Fizemos uma pausa para um lanche e para uma reunião rápida a respeito de alguns problemas que precisavam ser resolvidos. Ao terminar, voltamos ao ensaio, e Fê foi fazendo ajustes na transição da cena dos pescadores para a de Urashimarinho, ele pediu que os meninos buscassem compreender a função de cada palavra do texto que estavam dizendo. No fim do ensaio os meninos fizeram uma reunião com Wanda. 

Nenhum comentário:

Postar um comentário