domingo, 9 de agosto de 2009

Importante! Leiam!

Olá, todos! Saudades! Saudades!

Marco e Rê! A saudade bateu mesmo...ai, ai... a água tônica, as piadas, o corre-corre, o Marcos Palmeira, as mulheres de trouxa, os filmes, as gargalhadas... tudo.

Ôpa... Voltando aqui! Apreensão,caos, etc... tive que organizar.

A primeira coisa que estou fazendo aqui em Fortaleza é esquematizar os níveis de representação. Que horas vocês são clowns de fato; que horas interpretam um grupo de teatro e que horas vocês interpretam a trupe de Marinho. Daí surgiram novas questões a serem pensadas. Fiz também uma sugestão, no final.


NÍVEIS DE REPRESENTAÇÃO

1- Clowns, sem máscaras. (São as 4 primeiras falas).
2- Um grupo de teatro atrapalhado. (São todas as outras falas e também o prólogo shakespereano).
3- Trupe do Capitão Marinho. (Até agora, neste nível, temos apenas a letra das duas canções).


FUNÇÃO DRAMATÚRGICA

1- Produzir distanciamento, quebrar a ilusão. Provocar o senso crítico. Revelar o posicionamento dos Clowns de Shakespeare. Mostrar ao público uma trupe unida, consciente e em consenso de idéias.
2- Criticar através do riso alguns preconceitos ou dogmas estabelecidos sob o fazer teatral. Esta é a camada do “desespetáculo”.
3- Questionar o paradeiro de Capitão Marinho. Mostrar como a trupe pode sobreviver (ou não) aos percalços. Jogar o público no campo da contação.


QUESTÕES QUE SURGEM

Qual a função das narrações de histórias fora do mundo de Capitão Marinho? Por exemplo: O Velho e o Mar, Urashima Taro... Por que motivo elas são contadas? Tem de haver algum sentido. Mesmo sendo histórias bonitas de mar, podem soar descabidas.

A solução pensada por vocês, até onde eu me lembro, era a de que as estórias fossem tentativas de explicação da trupe à pergunta: onde está Marinho? Caso seja, temos de lembrar que quem contará essa estória são os personagens da trupe. Então, é outra abordagem para a narração. São artistas mambembes, são a terceira camada de interpretação do texto. Teríamos que ter, então, aqueles bizarros ou miseráveis da trupe contando a estória de Marinho, o que dificultaria e muito o tipo de leitura que está sendo dada a cada estória. Uma visão sofisticada demais, com metáforas políticas, etc.

Portanto, precisamos ver o sentido dessas narrações para a peça, e em qual dos níveis elas estarão inseridas.


SUGESTÃO

Uma sugestão: Tirarmos o segundo nível de representação. Facilitaria o entendimento, de cara. Acho que muitas das questões existentes nele já estão contempladas de forma mais profunda pelos outros níveis. Deixaríamos, então, a trupe do Clowns (que são vocês próprios, mas cumprindo a função de atores-narradores) e a trupe do Capitão Marinho. Acredito que assim nós conseguiríamos mais a “visão dialética”. Aumentaríamos o jogo, o ritmo, e não perderíamos tempo com algumas cenas que podem consistir realmente em “fuga ao tema”. Como diz o César, estamos com barriga textual.

De um lado, teríamos o elenco do Clowns, que conta uma estória, exigindo imaginação do público e, ao mesmo tempo, visão crítica. Tem papel importante também, como exemplo real de grupo que está de pé, firme.

Por outro lado, teríamos a trupe que espera o Capitão voltar como quem espera Godot. Que vai improvisando por não saber o que fazer concretamente. E que terá de reaprender a funcionar. Terá de se reerguer a todo custo.


Por favor, releiam a postagem até que fique claro o que quero dizer, e pensem nisso, ok? Fernando, por favor me ligue na hora que puder, ok?

Ai, como é foda não poder estar aí segunda às 14 horas em ponto! Rsrs... Saudade mesmo.

Beijo, gente!

E por favor, escrevam sobre o que está se passando nas cabeças de vocês. Eu preciso!!!!!!!!!


Rafael Martins

3 comentários:

  1. Temos uma chuva de ideias e experimentos cênicos. Mas infelizmente chegou a hora de afunilarmos para dar coerência à peça. Só agora o espetáculo começa a se erguer concretamente.

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  2. Rafa, esse segundo plano é uma interpretação tua. Na realidade, os três planos que sempre trabalhamos é o dos Clowns (sempre bom usar com inicial maiúscula, pra diferenciar o "Grupo de Teatro Clowns de Shakespeare" dos clowns/palhaços), o da trupe, e o dos personagens que a trupe representa (Urashima, Velho do Mar, Santiago, Manolin, etc.). O discurso político precisa estar embutido no pensamento do espetáculo como um todo, no momento em que o público se depara com a obra em perspectiva, numa visão mais ampla. No pequeno, no tratamento do texto, a trupe é a trupe, conta Urashima como trupe, e não há problemas nisso.

    Por outro lado, a grande brincadeira por trás de todo o espetáculo/(des)espetáculo é que, no final das contas, tudo não passa de uma grande brincadeira nossa, Clowns, Rafa, Helder, Wanda, Mona, Marcio, etc, portanto a linguagem da trupe não precisa necessariamente - talvez até nem seja desejado - ter um vínculo realista com o universo deles, tudo está no campo fabular do que estamos contando, a história dessa trupe que estamos CONTANDO, e não REPRESENTANDO REALISTICAMENTE.

    Portanto, este jogo de planos é o que nos interessa, estabelecer um confuso jogo entre eles, desde que o público esteja acompanhando essa confusão, não se confunda também, mas se deleite com esses planos que vão e vêm...

    Pros que não fazem parte da equipe, desculpem-me pelo comentário/post talvez técnico demais, mas achei interessante estabelecer esse contraponto aqui, já que o Rafa apontou essas questões tão vivas e ainda confusas em nossas cabeças!

    Simbora!

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  3. Fernandíssimo,

    pode parecer impossível, mas agora, com essa sua colocação, que vim entender muita coisa. Peço até perdão pela ignorância. Algumas coisas passaram a fazer sentido. Entendi um pouco da minha desconexão. Fica difícil explicar por aqui, mas em algum momento me desvinculei do seu pensamento e viajei totalmente em outro entendimento. Acredito que agora a coisa destrave.

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