terça-feira, 11 de agosto de 2009

Encontrando um caminho?

Por problemas de saúde e, a partir de amanhã, por viagem, a Paulinha não participa dos demais ensaios desta semana. Assim, coube a mim manter o registro diário do processo. Azar dos leitores que perderão os relatos precisos e detalhados da Paulinha neste período... Mas tentarei me esforçar, prometo!

Ontem tivemos um dia um tanto tenso, com muitas inseguranças e indefinições, fruto das tentativas para várias direções que tivemos na semana passada. Hoje, o vento deu uma virada. A partir do que trabalhamos ontem, começamos com um trabalho do Helder a partir da pulsação do baião, em busca de um célula rítmica diferente, nossa, para o cortejo da trupe. E deu muito certo! pra variar, o Helder conseguiu puxar dos meninos um trabalho percussivo e corporal muito forte! Em seguida, ele pegou essa estrutura musical e trabalhou um pouco as formações de evolução do cortejo da trupe, a partir de passos que foram surgindo da movimentação, buscando material da sua vasta bagagem da tradição, como São Gonçalo, caboclinho, maracatu e, obviamente Cavalo-Marinho.

Em seguida, assumi a timão para retomarmos o exercício de contação da primeira parte do Capitão. Ao invés de trabalhar em círculo, como ontem, hoje dispus a plateia toda - inclusive os convidados que apareceram na sede, Galego e Renata, do Ser Tão Teatro, grandes parceiros paraibanos - frontalmente, como será esse momento. O desafio que eu havia pedido a eles como lição de casa foi encontrar uma forma pessoal de contar, que tivesse idiossincrasias na forma de levar a história ao público. De forma geral, todos tiveram crescimento. Em seguida, adaptei um exercício que o Hugo Possolo trabalhou conosco no TUSP, em que dois atores, divididos por um aparato (que os impede de verem um ao outro) disputam a atenção da plateia, que se desloca de um lado para o outro de acordo com a cena que estiver mais interessante. Além de algumas rodadas mais "sérias", com foco na qualidade da contação, também aproveitei para brincarmos com a fábula, deixando-os livres para o usar o recurso que quisessem para chamar a atenção do público. A Rê recorreu a imitações patéticas de bebê, e até um show de música baiana, a Tili espremeu todo o rosto, o César foi um tanto preguiçoso e o Marco... Ah, o Marco... Ai, ai, ai, Marco... Como relatarei ao nosso distinto corpo de leitores aquela cena, meu deus? Aquela cena que ninguém se dispôs a olhar muito???? Enfim, tentando ser fiel ao que aconteceu, mas ao mesmo tempo educado com o Marco e os leitores, digo que o referido ator contou a história utilizando partes um tanto inusitadas do corpo...

Em seguida, expliquei aos atores um pouco da ideia de organização de material que pensei até aqui, para eles entenderem onde o exercício da contação entraria. E fomos ao exercício em si. Os atores da trupe são apresentados um a um, até chegar no Marinho, o último, que não veio, naquela ideia do Márcio do ator que ainda não chegou. Então, o personagem do Marco trava, e o Marco sugeriu a entrada da versão da Canção do Mar do Roberto Leal, que baixei na net e mostrei a ele, que adorou: é brega que dói! O público acompanha esta imagem congelada com a música que fala sobre o mar cruel e o ator da trupe estarrecido pela notícia, até que os atores, desta vez dos Clowns, e não os atores da trupe, entram, tiram o figurino do Marco, deixando-o "no plano dos Clowns", e exibem a placa "O Grupo de Teatro Clowns de Shakespeare apresenta: O Capitão e a Sereia, de André Neves". Após fazerem suas diferentes leituras sobre do que se trata a história, o Marco "descongela" e diz: "ou a história de uma trupe. Que ficou". A música cessa e os atores começam a contar a história do Marinho, do início até a partida, cada um para uma seção da plateia. Acho que fui meio confuso na descrição mas, enfim, o que importa, resumindo a ópera, é que acredito que encontramos um caminho bacana para a encenação. A partir desse esquema mais cru que propus, poderemos explorar a inserção de outros materiais, como conversamos na avaliação após o ensaio. Nesse meio tempo, só pra registrar, o Dudu, nosso parceiro, ator-convidado do Muito Barulho, chegou de surpresa e foi incorporado na plateia.

Em seguida, os meninos continuaram trabalhando a parte musical, enquanto eu fui com o Helder assistir a montagem de Deus Danado d'A Máscara Cia. de Teatro, de Mossoró. Meninos, relatem o final do trabalho, ok?

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