quinta-feira, 9 de julho de 2009

Exercícios

A tarde começou com Sávio de Luna trazendo mais um pouquinho de sua contribuição através do contact improvisation.

Trabalhamos movimentações com o corpo no chão, pensando nas articulações e em um corpo “sem ossos”. A seguir, fizemos movimentos a partir do quadril, deixando que ele fosse o condutor, exercitamos rolamentos e Sávio mostrou algumas movimentações em duplas, e fizemos alguns movimentos acrobáticos.

Mesmo tendo participado de poucos encontros, tenho gostado cada vez mais desses momentos de contact, pois isso tem me possibilitado uma maior compreensão do meu corpo. E ao observar os meninos trabalharem, percebo que aos poucos eles tem criado uma relação corporal maior entre si, e espero que isso só venha a crescer porque para mim é claro quando dois corpos se escutam, se permitem, e acho que isso pode e deve refletir no palco, pois faz parte do jogo.

Os meninos ensaiaram a toada Fulô – não sei como ela se chama, então a chamo assim -, brincaram um pouco com a letra da música, e depois Fê pediu a Camille e César que trocassem de instrumentos, ele pegou a zabumba e ela o triângulo. Os atores treinaram um pouco como tocar os instrumentos e depois, ao invés de tocarem os instrumentos, eles cantaram apenas os sons de cada instrumento.

Depois, Fê propôs um exercício em que os atores entravam como uma orquestra sinfônica, davam uma volta circular olhando o público, mostravam os instrumentos e depois iam para o meio da roda. Marco, como maestro, pedia com gestos que os “músicos” afinassem os instrumentos, depois eles começavam, ao invés de tocar os instrumentos, a cantar os seus sons. Em seguida, Fê colocou banquinhos no centro da roda, e pediu que os atores sentassem. Depois eles levantaram e criaram movimentações a partir dos sons que cantavam e, já sentados, encontraram uma equivalência do movimento em pé.

Após o exercício, eles começaram a ensaiar o workshop da procissão. Colocaram os chapéus, os bonecos de dedo, e cantaram músicas religiosas da igreja católica. Marco trouxe uma sugestão de música nova, A Barca, que tem a ver com mar e pescador. Os adereços dos meninos são muito bonitos, porém não estão tão firmes, assim enquanto eles cantavam, tudo os chapéus, os bonecos iam caindo.

Isso me lembrou um pouco um espetáculo do grupo, O casamento, em que as coisas também desmoronam. Porém, no ensaio, ao ver a cabeça dos bonecos caindo (sem ser de propósito) me remeteu a pessoas perdendo as cabeças, sendo manipuladas pelo fanatismo religioso, e também fiquei pensando o quanto aquela imagem é forte, talvez porque eu seja “católica”, e como ela suscitou em mim, questões que ao meu ver são importantes e que merecem atenção.

Ao terminarem o ensaio, seguiu-se uma pausa rápida para repor energia e ir ao banheiro. Na volta, os meninos conversaram sobre o que experimentaram hoje e sobre as amarrações para o barracantes no sábado. E em seguida, fizeram um ensaio dos exercícios, e das idéias que tinham tido, também dividiram entre os atores a história que irão contar.

Ah, depois que Tililim saiu para fazer sua prova de inglês, os meninos ainda ficaram conversando sobre questões pessoais do grupo. E para mim foi importante estar presente nessa conversa – apesar de não ter falado nada – e ver que o grupo se preocupa não só com o trabalho, mas com cada pessoa que compõe o grupo, e também com as pessoas queridas que estão ao redor.

Bom, foi quase isso... pois sempre acontecem coisas que por escolha, ou esquecimento, acabo não relatando aqui.

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